(continuação da I parte)
"A devoção a Santo António, com ser em todos os tempos tão relevante, tem nestes nossos dias tomado um vigor, uma força toda especial ; vemo-la aí por toda a parte acender-se, revigorar-se, deixando traz si o vulto luminoso da fé.
Querem [...] uma prova desta asserção? Ora ouçam:
É um facto, a bem dizer, insignificante o que vamos relatar, mas do qual brotou nada menos que a instituição "O Pão dos Pobres", manancial donde promanam hoje tantos bens para a sociedade.
Queria certo dia uma senhora de Toulon, por nome Luiza Bouffier, abrir uma dispensa ; mas, trabalho perdido! A fechadura estava desmanchada, e, mau grado a todos seus esforços, nada pôde conseguir.
Veio um oficial. Tentou, trabalhou, insistiu, porém debalde; a porta obstinou-se em não ceder. Falava-se já em força-la, quando à mente daquela Senhora acudiu uma ideia feliz.
"A que vem tanto cansar-me?" – disse lá consigo. "Se eu prometer um pouco de pão para os pobres de Santo António, ele por certo se dará pressa em socorrer-me. Experimentemos".
O oficial já tinha prestes os instrumentos para arrombar a porta, e estava já para deitar-se á obra: aquela senhora, porém, disse-lhe:
Queria certo dia uma senhora de Toulon, por nome Luiza Bouffier, abrir uma dispensa ; mas, trabalho perdido! A fechadura estava desmanchada, e, mau grado a todos seus esforços, nada pôde conseguir.
Veio um oficial. Tentou, trabalhou, insistiu, porém debalde; a porta obstinou-se em não ceder. Falava-se já em força-la, quando à mente daquela Senhora acudiu uma ideia feliz.
"A que vem tanto cansar-me?" – disse lá consigo. "Se eu prometer um pouco de pão para os pobres de Santo António, ele por certo se dará pressa em socorrer-me. Experimentemos".
O oficial já tinha prestes os instrumentos para arrombar a porta, e estava já para deitar-se á obra: aquela senhora, porém, disse-lhe:
– Ora tende mão ; tentai mais uma vez abrir a porta sem forçá-la, que Santo António sem duvida meterá aqui sua milagrosa mão.
Palavras não eram ditas, introduz o oficial a chave na fechadura, e a porta abre-se sem resistência alguma.
Aqui foi a alegria e contentamento da snrª Luiza Bouffier.
O regozijo que lhe ia no coração, traduzindo-se-lhe pelo rosto, dizia a confiança que ela para o diante depositaria no Santo.
Nesta maravilha deparou-se-lhe bem fundado motivo de esperanças, e meio bem eficaz de sair-se com êxito feliz em seus pedidos.
Desde aquele dia, a snrª Bouffier e suas amigas em se vendo apertadas de qualquer necessidade ou trabalho, não se deixavam ficar com elas no coração abafadas, não, abriam-se com Santo António, pediam-lhe a graça que desejavam, com promessa de pão para os pobres.
Tentaram, e o bom resultado que coroou suas petições veio dar novo incremento e prestigio à iniciativa.
Deste modo tomou pé e vingou a instituição, que já agora o é de grande parte da França, e Bélgica, e que na Espanha já vai ganhando terreno, "O Pão de Santo António". [o artigo é dos finais do séc. XIX]
Em Toulon e Bordeux está, por esta via, o Santo dos milagres derramando graças e favores em grande abundância. Naquella, só no mês de abril de 1893, se recolheram cerca de 417$000 reis para os pobres, e tudo isto fruto das graças obtidas !
Em Bordeaux orça por 100 francos de pão que se recebem quotidianamente para os pobres.
E não é isto fazer milagres, milagres estrondosos, que vão todos reflectir-se em bem dos pobres ? E não é isto devoção, e devoção fervente a Santo António, a cuja sombra benéfica se acolhem tantas almas ?
De verdade está o Pão de Santo António reservado para enxugar muitas lágrimas que a miséria faz derramar, e com tanta abundância !
Palavras não eram ditas, introduz o oficial a chave na fechadura, e a porta abre-se sem resistência alguma.
Aqui foi a alegria e contentamento da snrª Luiza Bouffier.
O regozijo que lhe ia no coração, traduzindo-se-lhe pelo rosto, dizia a confiança que ela para o diante depositaria no Santo.
Nesta maravilha deparou-se-lhe bem fundado motivo de esperanças, e meio bem eficaz de sair-se com êxito feliz em seus pedidos.
Desde aquele dia, a snrª Bouffier e suas amigas em se vendo apertadas de qualquer necessidade ou trabalho, não se deixavam ficar com elas no coração abafadas, não, abriam-se com Santo António, pediam-lhe a graça que desejavam, com promessa de pão para os pobres.
Tentaram, e o bom resultado que coroou suas petições veio dar novo incremento e prestigio à iniciativa.
Deste modo tomou pé e vingou a instituição, que já agora o é de grande parte da França, e Bélgica, e que na Espanha já vai ganhando terreno, "O Pão de Santo António". [o artigo é dos finais do séc. XIX]
Em Toulon e Bordeux está, por esta via, o Santo dos milagres derramando graças e favores em grande abundância. Naquella, só no mês de abril de 1893, se recolheram cerca de 417$000 reis para os pobres, e tudo isto fruto das graças obtidas !
Em Bordeaux orça por 100 francos de pão que se recebem quotidianamente para os pobres.
E não é isto fazer milagres, milagres estrondosos, que vão todos reflectir-se em bem dos pobres ? E não é isto devoção, e devoção fervente a Santo António, a cuja sombra benéfica se acolhem tantas almas ?
De verdade está o Pão de Santo António reservado para enxugar muitas lágrimas que a miséria faz derramar, e com tanta abundância !
[...]
[segue-se a explicação de como funciona o Pão de Santo António, visto que neste tempo em Portugal não havia ainda este costume estrangeiro, então recente]
Está a imagem do Santo com um cofre, caixa, ou coisa semelhante, a cada lado ; num deposita-se o bilhete em que está formulada a petição, no outro a esmola prometida, uma vez que se alcançou a graça desejada.
Uma pessoa vai ali, deposita ante o Santo a sua petição, ajoelha, ora, e retira-se esperançada, que o Santo português não faltará.
Uma pessoa vai ali, deposita ante o Santo a sua petição, ajoelha, ora, e retira-se esperançada, que o Santo português não faltará.
Das esmolas tem incumbência o Pároco, ou qualquer outra pessoa proba e honesta, a cujo cargo está recolhe-las e distribui-las pelos pobres. Não lhe é permitido revelar os nomes dos que as dão, sem expressa licença sua.
Quando houver numero suficiente de esmolas, informa o Pároco e começa a distribuição pelos pobres.
Ora aí está o que é o Pão de Santo António."
(continuação, III parte)
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