Algumas notas interessantes sobre o tempo de D. João V:
1 - "... descrevemos a largos traços a maneira como ele [D. João V] se apresentou na entrevista do Caia, para a troca das Infantas de Portugal de Espanha.
Em Vendas Novas mandou por essa ocasião levantar o palácio que lá está, adornado-o de muitas pinturas, ricas tapeçarias e custosas armações.
O Patriarca, 12 Cónegos e mais eclesiásticos necessários para o Culto, acompanharam ElRei, além de numerosíssima comitiva composta de todos os fidalgos que tinham cargos no Paço e de muitos outros que foram para tornar mais luzidia a função. O Estado da Casa Real, nessa ocasião, controu de 10 coches, 8 berlindas, 29 estufas, 2 caleças, e 141 seges. Os animais de tiro para o serviço desses veículos foram 353 urcos ou frisões, como lhe chamavam, para os coches; 468 cavalos e muares das segues e dos criados de cavalariças; 673 cavalos de sela e 316 muares das galeras, carros de mato, liteiras e outros transportes.
Os criados passavam de 900, só para o serviço dos coches e para cuidarem do gado. E algém deste Estado havia todo o acompanhamento que pertencia aos Fidalgos que iam na comitiva.
Os Infantes iam cada um em seu coche: a Rainha tinha o seu coche além do do Estado, bem como o Rei. Assim se tornava mais aparatoso o prestito.
Para o regresso a Lisboa foram necessários mais de 300 barcos, que de Aldeia Galega seguiram até Belém, onde se fez o desembarque numa vistosa ponte que ali se armou, e daí vindo em direcção à Esperança, o prestíto subiu a calçada do Combro, rua do Chiado, rua do Ferro, Pelourinho, até ao Terreiro do Paço, onde era o Palácio e Capela Real." (não vou mencionar a fonte porque não a recomendo).
2 - "O Príncipe do Brasil naquele tempo era belo [D. José], e como não falava francês tomei a liberdade de lhe pergunta a razão. Sua Alteza Real deu-me em reposta: "A minha Mãe não quer". Tendo-lhe replicado que a Infanta Real falava bem francês, o Príncipe respondeu-me: "Porque minha Mãe assim quer!" (...)
Já se viu como a Família Real andava continuamente pelas igrejas (...). Os Jesuítas representavam vidas de Santos em latim nos seus colégios. E em espanhole e português, eram afamadas as que se representavam nos conventos de frades e freiras. nenhumas porém faladas como as do convento de freiras dominicanos do Salvador em Lisboa, ao Menino Jesus que crescia, - célebre imagem à cerca da qual se detém muito o nosso mavioso Fr. Luís de Sousa, na sua admirável História de S. Domingos.
3 - "... E todas estas numerosas obras públicas pôde ele mandar fazer, apesar de sustentar pelo espaço de sete anos muito dispendiosa guerra com Castela. Feita a paz no ano de 1715, não tardou que no ano seguinte enviasse ao Levante uma armada portuguesa em socorro dos venezianos contra os turcos, continuando Portugal nos anos subsequentes do seu governo a ocupar, nos conselhos europeus, um lugar distinto como potência de primeira categoria.
2 - "O Príncipe do Brasil naquele tempo era belo [D. José], e como não falava francês tomei a liberdade de lhe pergunta a razão. Sua Alteza Real deu-me em reposta: "A minha Mãe não quer". Tendo-lhe replicado que a Infanta Real falava bem francês, o Príncipe respondeu-me: "Porque minha Mãe assim quer!" (...)
Já se viu como a Família Real andava continuamente pelas igrejas (...). Os Jesuítas representavam vidas de Santos em latim nos seus colégios. E em espanhole e português, eram afamadas as que se representavam nos conventos de frades e freiras. nenhumas porém faladas como as do convento de freiras dominicanos do Salvador em Lisboa, ao Menino Jesus que crescia, - célebre imagem à cerca da qual se detém muito o nosso mavioso Fr. Luís de Sousa, na sua admirável História de S. Domingos.
3 - "... E todas estas numerosas obras públicas pôde ele mandar fazer, apesar de sustentar pelo espaço de sete anos muito dispendiosa guerra com Castela. Feita a paz no ano de 1715, não tardou que no ano seguinte enviasse ao Levante uma armada portuguesa em socorro dos venezianos contra os turcos, continuando Portugal nos anos subsequentes do seu governo a ocupar, nos conselhos europeus, um lugar distinto como potência de primeira categoria.
Fiel observador dos tratados de aliança que celebrou, distinguiu-se o seu reinado pela Fé, que manteve sempre com os seus aliados, sem que nem promessas, nem ameaças pudessem nunca desvia-lo do leal cumprimento das estipulações de tais tratados. Esta verdade vê-se demonstrada em todos os documentos daquela época, e apareceu com um novo brilho nas instruções dadas a André de Melo e Castro no começo quase do reinado de D. João V, e antes do seu casamento negociado por Fernão Teles da Silva, III Conde de Vilar Maior, que, concluída a negociação, acompanhou a Arquiduquesa D. Maria Ana, filha do Imperador da Áustria Leopoldo I, e entrou com uma esquadra inglesa de 18 naus de guerra no porto de Lisboa, no dia 26 de outubro de 1708." (Panorama. 1844, pag. 895)
Capela do Espírito Santo e S. João Baptista (na igreja de S. Roque, Lisboa) Sagrada na Basílica de S. Pedro pelo Papa Bento XIV |
4 - A respeito da capela do Espírito Santo e S. João Baptista, na igreja de S. Roque, em Lisboa:
"Acabado o risco da capela, feito pelo arquitecto Vanvitelli, e trazido a Lisboa, ElRei gosta dele, e o manda executar, remetendo logo grossa quantidade de dinheiro. Concluída toda a obra da capela, o Papa Bento XIV anda armá-la até à cimalha real dentro da Basílica de S. Pedro, depois de se ter procedido às cerimónias da sagração, e nela reza a primeira Missa.
E ElRei D. João V envia-lhe como esmola de uma tal Missa, um cálx de ouro de primoroso lavor, cravejado de diamantes no valor de quarenta contos de réis.
"Acabado o risco da capela, feito pelo arquitecto Vanvitelli, e trazido a Lisboa, ElRei gosta dele, e o manda executar, remetendo logo grossa quantidade de dinheiro. Concluída toda a obra da capela, o Papa Bento XIV anda armá-la até à cimalha real dentro da Basílica de S. Pedro, depois de se ter procedido às cerimónias da sagração, e nela reza a primeira Missa.
E ElRei D. João V envia-lhe como esmola de uma tal Missa, um cálx de ouro de primoroso lavor, cravejado de diamantes no valor de quarenta contos de réis.
Desmanchada a capela, e encaixotadas todas as suas peças, foi conduzida a Portugal por Alexandre Giusty, e por outros artistas encarregados de a colocarem na igreja de S. Roque." (Archivo Pittoresco de 1864, pag. 273)
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