(continuação da I parte)
Temos na Europa o Senhor D. Pedro; agora falará um papel impresso em Inglaterra, o seu autor como testemunha oculta merece atenção, e muito crédito, depois tornarei às minhas reflexões, porque por achar meios de suspender a torrente do Liberalismo, que leva, e arrebata em si os Estados todos, com trabalho, ou dificuldade acreditam, que um Príncipe como o Senhor D. Pedro, um ramo,ou vergontea dos Bourbons, e de Bragança, seja o gato-sapato de um partido, que já deitou a terra quatro Tronos em menos de um ano. O Ex-Imperador do Brasil devia conhecer melhor os homens que o rodeiam. São os irmãos, e os antigos dos que o expulsaram do Brasil. Com palavras adocicadas na boca escondem no coração a raiva, e ódio partido contra todas as testas coroadas. Festejam-no muito na estalagem de Clarendon, porque o julgam necessário, e útil a seus danados projectos; mas quando ele concorresse para se realizarem, supondo por hum instante só, que isto lhe fosse possível, bem depressa se renovaria a cena do Rio, e ver-se-ia obrigado com toda a sua condescendência a deixar o Trono,ou trocá-lo pela presença de um Senhor Presidente, e de lá passar para as mãos de um Algoz, e para o repouso de um patíbulo. Quando vemos nesta estalagem, onde está o Príncipe D. Pedro, a solene recepção que se faz a quantos refugiados portugueses mendigos em Londres, podemos dizer, que o filho dos Reis, esquecendo-se do seu braço, dá a sua mão a beijar aos assassinos dos Reis." Muitas ideias ocorrem ao espírito dos que pretendem descortinar o futuro no horizonte político. Pergunta-se que meios são os de D. Pedro para obter a Coroa de Portugal!? O Ex-Imperador do Brasil perdeu o Império, e com esta perda perdeu os amigos; desfez-se o prestígio, e para fins bem sabidos, os que nele falam, ou mostram que nele esperam, são os foragidos em Londres, esfarrapados, famintos, com caras de ladrões da charneca; alguns não se podem ter de pé com o peso dos anos, e da extrema debilidade; na procissão dos cem estropiados; que foram à Estalagem visitar o Senhor D. Pedro (me disse quem viu) que ia Luís de Vasconcelos, que tanto engordou no Terreiro, e onde adquiriu aquela pança vasta, e proeminente, com que de lés a lés enchia a rua, reduzida a uma espécie de badana, que volteava com o vento, e que, como se fosse um capacho, lhe chegava aos joelhos. Depois destes, tem para formar o seu exército outros quejandos em Paris, e a terceira Divisão, os levantados, ou rebelados da Ilha Terceira. Comecemos pelos palhaços de Paris, molho de heterogéneos, ou quadrilha de todas as castas; poucos em número, pequenos em corpo, tugidos de miolo, fortes como aboboras para a guerra, porque só a fazem de dente; e de pena, poucas esperanças dão ao partido do desamparado Senhor D. Pedro, mas pode este Senhor contar com ele para fazerem aparecer no periódico "O Constitucional" alguma correspondência fabricada em Paris,e datada de Lisboa, em que se afirme, e dê por certo, que S. majestade o Senhor D. Miguel é um monstro de uma nova espécie, que em Lisboa há em cada mês uma revolução, e às vezes duas, que os enforcados são aos milhares, (sendo pedreiros, se lhe devia fazer o dito verdadeiro, e em quanto se não fizer, não estaremos seguros, e viveremos sempre em sobressalto) com outras sandices desta natureza, que os mesmos papa-moscas de Paris já não engolem, porque são de mui difícil digestão.
Custa na verdade a ouvir, e aos milheiros por opiniões políticas. pois nestes últimos três anos, diz um papel de Inglaterra, se tem executado mais gente na Terceira, que em todo o Portugal pelo mesmo espaço de tempo. Não confundamos estas execuções com a matança dos oficiais realistas, que ficaram prisioneiros na desgraçadíssima jornada da Vila da Praia em 1829, nem a barbaridade manifestada ultimamente na ilha de S. Jorge, onde a sangue frio mataram, para provar as espadas, mais de duzentas pessoas, sem consideração, e sem respeito a sexo, a idade, a hierarquia; e todo o crime destes desgraçados sra a sua fidelidade, e amor ao Senhor Rei D. Miguel I, delito que os liberais costumam punir por mão do verdugo. Que me dizem à filantropia destes moralistas políticos? São estes filósofos marmanjos os que se preparam para nos trazerem a ventura a casa, a opulência, as artes, e antiga grandeza, e representação a este Reino, com a cláusula expressa,de que as seis Pastas juntas não conheçam outro sovaco,que não seja o do pastel Calhariz, única fonte de todas as desventuras.
(continuação, III parte)
D. Miguel I |
Custa na verdade a ouvir, e aos milheiros por opiniões políticas. pois nestes últimos três anos, diz um papel de Inglaterra, se tem executado mais gente na Terceira, que em todo o Portugal pelo mesmo espaço de tempo. Não confundamos estas execuções com a matança dos oficiais realistas, que ficaram prisioneiros na desgraçadíssima jornada da Vila da Praia em 1829, nem a barbaridade manifestada ultimamente na ilha de S. Jorge, onde a sangue frio mataram, para provar as espadas, mais de duzentas pessoas, sem consideração, e sem respeito a sexo, a idade, a hierarquia; e todo o crime destes desgraçados sra a sua fidelidade, e amor ao Senhor Rei D. Miguel I, delito que os liberais costumam punir por mão do verdugo. Que me dizem à filantropia destes moralistas políticos? São estes filósofos marmanjos os que se preparam para nos trazerem a ventura a casa, a opulência, as artes, e antiga grandeza, e representação a este Reino, com a cláusula expressa,de que as seis Pastas juntas não conheçam outro sovaco,que não seja o do pastel Calhariz, única fonte de todas as desventuras.
(continuação, III parte)
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