- "No mesmo dia, na Igreja Catedral do Porto, a festa do mesmo S. Vicente Mártir, a quem a dita cidade muitos anos reconheceu padroeiro; por gozar do rico depósito de um braço deste insigne Diácono, que o céu milagrosamente lhe quis dar; porque levando-o por mandado del Rei D. Afonso Henriques para a Sé de Braga, a mula em que ia, parou na dita Igreja do Porto, sem ninguém a poder fazer dar mais passo, nela, prostrada diante do altar maior, tanto que lhe tiraram o sagrado penhor, acabou subitamente. Não permitindo o céu, que servisse mais em profanos vasos, a que havia trazido sobre si as relíquias deste Santo Mártir."
- "Na cidade de Beja, o triunfo glorioso dos santos Mártires Vicente, e Orêncio, que inflamados no fogo do divino amor, desejosos de sacrificarem as vidas por Cristo, com grande fervor, e ousadia (sem serem buscados) espontaneamente se foram oferecer a Rufino, legado de Daciano. E porque em sua presença confessaram publicamente a Fé Católica, foram por seu mandado mortos, e coroados de martírio. A cujos santos corpos deu religiosa sepultura um santo Diácono por nome Vicente, que era bem na morte fizesse este pio ofício, que pouco antes na vida havia feito outro de caritativo, hospedando-os em sua casa. Mas como isto chegasse a notícia do cruel Rufino, o mandou degolar, no próprio lugar em que os santos haviam padecido; cujo sacrílego mandato, antes que os algozes o executassem, usaram com o Santo Diácono de estranha crueldade, que foi decepar-lhe ambas as mãos, em castigo de serem instrumento de tão santa obra. Sabendo o pai de Victor, do martírio de seu filho, temendo outro semelhante, fugiu à perseguição. O que entendido por sua mulher Aquilina com grande pressa foi em seu alcance, e com abrasado fervor, e eficácia o persuado que tornasse,e assim ambos firmes, e constantes em confirmação da Fé, que no Baptismo professaram, ofereceram as gargantas ao agudo fio da espada. Depois de largo tempo (por divina revelação) achadas suas relíquias pelo Bispo Paulino, levando-as num carro para Itália (pátria sua) tanto que chegaram à cidade de Ebruduno junto aos Alpes, por ministério de Anjos ou bois, que o guiavam ficaram imóveis, sem poderem dar passo, por mais que os picassem. Vendo o bom Prelado sucesso tão maravilhoso, e a disposição da divina vontade com decência, e veneração devida a tantos méritos, foram na mesma cidade depositados."
- "No sumptuoso mosteiro de Alcobaça, cabeça da família de S. Bernardo neste Reino, a deposição de S. Domingos Matriz, Abade daquela real casa, que depois de viver alguns anos na Ordem com religiosa conversação, grande reforma, e singular pureza de vida, sendo a seus companheiros vivo exemplar de virtudes, qualificadas com acções miraculosas, crescendo cada vez mais sua fama foi com geral beneplácito de todos os monges,promovido àquela insigne Abadia. Mas o santo varão, que estimava mais a quietação de sua cela, que todas as dignidades, temendo que esta lhe fosse causa de algum humano fausto, e altivez, não consentiu na eleição, até ser obrigado por obediência. Aceitando o cargo, celebrando-se Concílio em Compostela (em que se tratava da restauração da Terra Santa) convocado pelo Arcebispo D. F. Rodrigo Gonçalves, se achou nele (a causa que para isso teve ignoramos) onde porque o queriam obrigar, e a outros Eclesiásticos que contribuíssem para certos gastos que haviam de fazer os Procuradores, que o Concílio mandava a Roma ao sumo Pontífice, ele pugnou valorosamente pela isenção, e liberdade de sua Ordem. Vindo de lá, partiu logo para França a Capítulo geral, nele avançou licença para a erecção do convento de Odivelas, em cuja solenidade depois assistiu. E assim mesmo na de Almoster, benzendo o sítio, e sagrando a Igreja (como Abade que era) com grande autoridade. Em seu governo trasladou o corpo de S. D. Pedro Afonso (irmão del Rei D. Afonso Henriques) do claustro de Alcobaça para a capela maior da Igreja. Havendo finalmente governado esta Abadia santamente quase sete anos, desejando recolher-se, à renunciou no V. D. Pedro Nunes, cuja acertada eleição,foi como de tão prudente, e santo Prelado. Livre do cargo, e recolhido ao retiro da cela, viveu alguns mais, como verdadeiro religioso, continuando os actos da comunidade com admirável exemplo, e prerrogativa de milagres, os quais continuaram ainda depois de sua morte, a qual (sem dúvida) foi preciosa no divino conspecto, pois afirmam graves autores estar seu nome no catálogo dos Santos, e que se rezava dele antigamente na Igreja Eboracense em Inglaterra, enquanto aquele Reino dava obediência aos Vigários de Cristo."
- "Na cidade de Beja, o triunfo glorioso dos santos Mártires Vicente, e Orêncio, que inflamados no fogo do divino amor, desejosos de sacrificarem as vidas por Cristo, com grande fervor, e ousadia (sem serem buscados) espontaneamente se foram oferecer a Rufino, legado de Daciano. E porque em sua presença confessaram publicamente a Fé Católica, foram por seu mandado mortos, e coroados de martírio. A cujos santos corpos deu religiosa sepultura um santo Diácono por nome Vicente, que era bem na morte fizesse este pio ofício, que pouco antes na vida havia feito outro de caritativo, hospedando-os em sua casa. Mas como isto chegasse a notícia do cruel Rufino, o mandou degolar, no próprio lugar em que os santos haviam padecido; cujo sacrílego mandato, antes que os algozes o executassem, usaram com o Santo Diácono de estranha crueldade, que foi decepar-lhe ambas as mãos, em castigo de serem instrumento de tão santa obra. Sabendo o pai de Victor, do martírio de seu filho, temendo outro semelhante, fugiu à perseguição. O que entendido por sua mulher Aquilina com grande pressa foi em seu alcance, e com abrasado fervor, e eficácia o persuado que tornasse,e assim ambos firmes, e constantes em confirmação da Fé, que no Baptismo professaram, ofereceram as gargantas ao agudo fio da espada. Depois de largo tempo (por divina revelação) achadas suas relíquias pelo Bispo Paulino, levando-as num carro para Itália (pátria sua) tanto que chegaram à cidade de Ebruduno junto aos Alpes, por ministério de Anjos ou bois, que o guiavam ficaram imóveis, sem poderem dar passo, por mais que os picassem. Vendo o bom Prelado sucesso tão maravilhoso, e a disposição da divina vontade com decência, e veneração devida a tantos méritos, foram na mesma cidade depositados."
- "No sumptuoso mosteiro de Alcobaça, cabeça da família de S. Bernardo neste Reino, a deposição de S. Domingos Matriz, Abade daquela real casa, que depois de viver alguns anos na Ordem com religiosa conversação, grande reforma, e singular pureza de vida, sendo a seus companheiros vivo exemplar de virtudes, qualificadas com acções miraculosas, crescendo cada vez mais sua fama foi com geral beneplácito de todos os monges,promovido àquela insigne Abadia. Mas o santo varão, que estimava mais a quietação de sua cela, que todas as dignidades, temendo que esta lhe fosse causa de algum humano fausto, e altivez, não consentiu na eleição, até ser obrigado por obediência. Aceitando o cargo, celebrando-se Concílio em Compostela (em que se tratava da restauração da Terra Santa) convocado pelo Arcebispo D. F. Rodrigo Gonçalves, se achou nele (a causa que para isso teve ignoramos) onde porque o queriam obrigar, e a outros Eclesiásticos que contribuíssem para certos gastos que haviam de fazer os Procuradores, que o Concílio mandava a Roma ao sumo Pontífice, ele pugnou valorosamente pela isenção, e liberdade de sua Ordem. Vindo de lá, partiu logo para França a Capítulo geral, nele avançou licença para a erecção do convento de Odivelas, em cuja solenidade depois assistiu. E assim mesmo na de Almoster, benzendo o sítio, e sagrando a Igreja (como Abade que era) com grande autoridade. Em seu governo trasladou o corpo de S. D. Pedro Afonso (irmão del Rei D. Afonso Henriques) do claustro de Alcobaça para a capela maior da Igreja. Havendo finalmente governado esta Abadia santamente quase sete anos, desejando recolher-se, à renunciou no V. D. Pedro Nunes, cuja acertada eleição,foi como de tão prudente, e santo Prelado. Livre do cargo, e recolhido ao retiro da cela, viveu alguns mais, como verdadeiro religioso, continuando os actos da comunidade com admirável exemplo, e prerrogativa de milagres, os quais continuaram ainda depois de sua morte, a qual (sem dúvida) foi preciosa no divino conspecto, pois afirmam graves autores estar seu nome no catálogo dos Santos, e que se rezava dele antigamente na Igreja Eboracense em Inglaterra, enquanto aquele Reino dava obediência aos Vigários de Cristo."
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