"O parlamento da Galiza vota esta terça-feira uma iniciativa popular para
"o melhor aproveitamento da língua portuguesa" na região. É uma proposta que conta com mais de 17 mil assinaturas e que chega ao
governo regional como algo que é "exigido pela sociedade" como "uma
evidência", assegura um dos seus promotores.
O empresário galego
Xosé Carlos Morell vai apresentar a "Iniciativa Paz-Andrade" (IPA) aos
quatro partidos com assento parlamentar e explicou à Renascença
quais os objectivos desta proposta que pretende criar pontes com a
lusofonia e beneficiar das grandes semelhanças linguísticas entre o
galego e o português. "Pretendemos que nós, galegos e galegas, tenhamos
acesso, por intermédio das instituições públicas, à riqueza da língua
portuguesa", afirma.
"A nossa iniciativa legislativa
concretiza-se de três maneiras: a primeira visa uma presença da língua
portuguesa no ensino da Galiza", diz. Xosé Carlos Morell, que trabalha
como director de exportações de um grupo galego de adegas, considera
haver "um défice" neste campo, "já que outras comunidades autónomas do
Estado espanhol têm esta presença" e a Galiza, "tendo a mesma língua ou
uma língua similar a Portugal, não tem quase nada". Esta região
espanhola tem menos de 600 estudantes "que têm o privilégio", na opinião
dos promotores da iniciativa, de "aprender português", enquanto na
Estremadura e na Andaluzia são "dezenas de milhares", indica o
empresário.
Em segundo lugar, a IPA pretende "o relacionamento, a
vários níveis das instituições galegas de todo tipo - económico,
cultural, ambiental - com os países lusófonos e que esses países também
participem nas actividades galegas".
Xosé Carlos Morell refere
ainda a parte da proposta que está mais perto de se materializar: "Algo
que já se aprovou no parlamento galego, que é a recepção das televisões e
rádios portuguesas no nosso território. Há uma directiva europeia que
convida os governos a facilitar isto. Na Galiza, certamente por motivos
técnicos, o assunto ainda não está resolvido".
"Foi na 'Gallaecia' que nasceu a língua portuguesa"
Quanto às
vantagens que esta iniciativa pode ter para os próprios portugueses,
Xosé Carlos Morell considera que são várias, embora sublinhe o peso
relativamente pequeno da comunidade galega quando comparada com a
comunidade lusófona.
"Somos 2,8 milhões de habitantes, mas o
facto de a língua portuguesa poder ser existir em mais um Estado-membro
da União Europeia pode ter para Portugal consequências positivas, tanto
como para nós", defende.
O empresário lembra ainda as
possibilidades ao nível cultural. "Foi na 'Gallaecia' que nasceu a
língua portuguesa" e a actual iniciativa pode potenciar a disseminação
do português actual "já espalhado pelo mundo".
A terminar, Xosé
Carlos Morell dá ainda um exemplo de como a língua portuguesa pode
facilitar as relações de negócios entre os países que a partilham. "Na
semana passada estive em São Paulo, no Brasil, e também em
Florianópolis, onde tenho uma muito boa relação em geral com os
empresários de lá", começa por explicar. "O nosso grupo de adegas
iniciou a sua actividade na China, que actualmente representa uma parte
muito importante do nosso volume de facturação através de Macau,
[resultado de] contactos feitos através de empresários da hotelaria e do
sector da importação de vinho que têm relação com Portugal e, através
de Portugal, connosco."
Esta iniciativa legislativa popular, que
pretende aproximar ainda mais os galegos dos portugueses, vai ser
debatida e votada na sessão plenária do parlamento da Galiza por volta
das 10h00 (hora de Lisboa).
No que toca à aprovação da proposta
no parlamento, a comissão promotora acredita no sucesso da iniciativa.
"Confiamos que sejam uns dignos representantes do povo que dizem
representar. Não deve haver nenhum motivo de tipo ideológico ou
programático que impeça que os partidos dêem o seu apoio a esta
iniciativa.""
2 comentários:
Dou aqui o meu apoio incondicional a esta iniciativa. Parabéns.
João Ribeiro,
obrigado por comentar.
Agradeço as suas palavras. Grato.
Volte sempre.
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