Dom Guéranger |
O MOVIMENTO LITÚRGICO
Pe. Didier Bonneterre
(continuação)
INTRODUÇÃO
O Movimento Litúrgico de Dom Guéranger a Aníbal Bugnini
O Movimento Litúrgico de Dom Guéranger a Aníbal Bugnini
ou
O "Cavalo de Tróia na Cidade de Deus"
A relação que sugere este título parecerá talvez ao leitor algo ousada. Contudo não somos nós quem viu um grau de parentesco entre o autor das "Instituições Litúrgicas" e "o coveiro da Missa", são as próprias autoridades romanas.
A 20 de Janeiro de 1975, Paulo VI escrevi ao Abade de Solesmes:
"Comprovo a solidez e a irradiação da obra de Dom Guéranger, em quem o Movimento litúrgico contemporâneo saúda ao seu percursor."
Já o "Proemium da Institutio Generalis" do novo missal [Missal de Paulo VI] pretendia que as reformas contemporâneas eram a continuação da obra de S. Pio X:
"O Vaticano II levou a cabo os esfórços de aproximar os fiéis à liturgia, esfórços empreendidos durante estes quatro séculos e principalmente numa época recente, graças ao zelo litúrgico empreendido por S. Pio X e seus sucessores."(1)
"O Vaticano II levou a cabo os esfórços de aproximar os fiéis à liturgia, esfórços empreendidos durante estes quatro séculos e principalmente numa época recente, graças ao zelo litúrgico empreendido por S. Pio X e seus sucessores."(1)
Assim, e poderíamos multiplicar os testemunhos ao infinito, os "liturgistas mais avançados" e a mesma "Igreja Conciliar" julgam haver uma continuidade, incluso um "desenvolvimento homogéneo", no "movimento litúrgico", entre Dom Guéranger, S. Pio X inclusivamente, e Aníbal Bugnini.
Eis aí a impostura a não não tolerar! É por isto que nos temos esforçado em mostrar que este movimento sofreu um desvio. Por certo, historicamente, Dom Guéranger e S. Pio X estão na origem do "Movimento litúrgico", mas é pernicioso pretender que este movimento, ao menos nas suas formas contemporâneas, seja o herdeiro daquele pensamento, todavia pior, que seja a continuação daquela obra. Para que isto se torne mais facilmente entendível há que estudar a história do "Movimento litúrgico", mediante a evidência dos factos, os precoces desvios deste grandioso empreendimento que poderia ter dado tanto à Igreja.
O Sr. Vaquié, na sua notável obra "La Revolucion Liturgique", sugeriu um estudo sobre o assunto:
"É desejável que este período pré-conciliar seja objecto de estudo. Veremos então os progressista trabalhando, apurando os seus argumentos e posicionando o seu pessoal para o ataque decisivo."(2)
Possa então este estudo dar resposta a tal proposta! Ele pode aclarar alguns pontos até agora confusos, pode, principalmente, fazer compreender que a revolução litúrgica contemporânea não é o fruto de uma geração espontânea, mas sim ao contrário, é o resultado de um longo e paciente trabalho de picareta!
Já o Abade de Nantes abordava este assunto num artigo intitulado "De Onde Veio Esta Reforma?"(3). Mas a conclusão da investigação do Abade de Nantes difere enormemente da nossa. Para ele o "Movimento litúrgico" era uma coisa excelente sobre a qual não deve ter-se reserva alguma; tal movimento só poderia resultar numa boa e santa reforma litúrgica e, se a reforma se desviou, foi por culpa de Paulo VI, único responsável do desvio. Para nós, contrariamente, o "Movimento litúrgico", obra magnífica primordialmente, conheceu desde depois graves desvios, e, por um processo comum em toda a revolução, ou seja, por uma "superação permanente", o "Movimento" chegou, muito antes do Concílio Vaticano II, a renegar por completo as suas origens, e a pregar um reformismo que não podia resultar senão numa nova missa. Par nós, Paulo VI, e não procuramos com isto declará-lo inocente, não é o responsável do desvio de uma reforma que deveria ter sido boa. Para nós, de certa forma, é um ensaio feito por um guião no qual não se consta como actor principal. Antes do Concílio Vaticano II, o novo Ordo Missae já estava concebido, fruto letal dos desvios do "movimento litúrgico".
Longe de ser negativo, este estudo permitirá discernir entre o que deve ser defendido e guardado preciosamente no "Movimento litúrgico" e aquilo que não pode ser aceite. Contudo, mais importante, é que nós que trabalhamos para manter a liturgia católica sejamos verdadeiros herdeiros e continuadores da obra de Dom Guéranger e S. Pio X. Fazemos nossa a vontade de S. Pio X:
"Sendo nosso mais vivo desejo que o verdadeiro espírito cristão refloresça em todas as ormas e mantenha em todos os fiéis, é necessário antes de mais, provir a santidade e a dignidade do templo onde os fiéis se reúnem precisamente para encontrarem ali esse espírito na sua fonte primigenia e indispensável, a saber: a participação activa nos sacrosantos Mistérios e a oração pública e solene da Igreja." (4)
"Sendo nosso mais vivo desejo que o verdadeiro espírito cristão refloresça em todas as ormas e mantenha em todos os fiéis, é necessário antes de mais, provir a santidade e a dignidade do templo onde os fiéis se reúnem precisamente para encontrarem ali esse espírito na sua fonte primigenia e indispensável, a saber: a participação activa nos sacrosantos Mistérios e a oração pública e solene da Igreja." (4)
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