Escrava Agar (A. Testamento) |
Faz alguns meses que redigi o artigo "Solicitação Aos Católicos - A Escravatura", no qual apelei: "Há mais ou menos um ano pedi a esse meu amigo brasileiro que, por favor,
me enviasse todo o material sobre a escravatura e o Magistério da
Igreja , [dados] naquela tal cadeira. Infelizmente, se bem me lembro, [diz que] não tem tal
material com ele. Sendo assim, peço aos que este artigo lerem que, por
favor, me enviem informação a respeito da [suposta] condenação da
escravatura em si mesma, por parte da igreja. Estou quase convicto que a
escravatura nunca foi condenada pela Igreja [mas sim situações más envolvendo escravos]".
Como podemos ver pela transcrição, com a finalidade de não deixar ponta alguma de fora nesta matéria pedi me enviassem possíveis desconhecidos dados fiáveis que mostrassem que a Igreja condenou realmente a Escravatura em si mesma.
Há pouco tempo apareceu um jovem brasileiro, muito inflamado, que trocou a possibilidade de dar colaboração por uma "disputa de capoeiro"; as varias tentativas de argumento apenas reforçaram o contrário daquilo a que se propunha. Eu tinha então começado a publicação do "Contra a Mitificada "Escravatura" da Seita dos Filósofos" (Transcrição do documento "Concordância das Leis de Portugal e das Bulas Pontifícias.." por D. José Azeredo Coutinho), e mal terminei de publicar tudo recebemos aqui um comentário de um leitor português com sintomas de indignação. O argumento deste é o mais forte argumento do outro, ambos apoiados no conhecido trabalho feito pela Associação Cultural Montfort (Brasil).
Há pouco tempo apareceu um jovem brasileiro, muito inflamado, que trocou a possibilidade de dar colaboração por uma "disputa de capoeiro"; as varias tentativas de argumento apenas reforçaram o contrário daquilo a que se propunha. Eu tinha então começado a publicação do "Contra a Mitificada "Escravatura" da Seita dos Filósofos" (Transcrição do documento "Concordância das Leis de Portugal e das Bulas Pontifícias.." por D. José Azeredo Coutinho), e mal terminei de publicar tudo recebemos aqui um comentário de um leitor português com sintomas de indignação. O argumento deste é o mais forte argumento do outro, ambos apoiados no conhecido trabalho feito pela Associação Cultural Montfort (Brasil).
Há dificuldade em olhar a "escravatura" é em grande parte devido aos estereótipos divulgados tão insistentemente. O leitor ao ouvir "escravatura" continuará a ouvir todo o discurso seguinte agarrado à imagem previamente adquirida. Dificilmente colocarão em dúvida o conceito que têm de "escravatura", respondendo previsivelmente e tão prontamente segundo o "programa" para o qual nos formataram! Mas, também essa imagem moderna de "escravatura" tem servido para dar força e propaganda à declaração de direitos humanos; acresce que abriu certa corrida a um novo e estranho recurso: para canonizar causas particulares, hegemonias nacionais, a credibilidade de instituições, legitimação de "monarquias", se procure beatificar e canonizar pessoas a isso ligadas.
Como não me proponho tratar definitivamente este assunto, proponho aos leitores que leiam a série de artigos "Contra a Mitificada "Escravatura" da Seita dos Filósofos" sem grandes preocupações (senão pode acontecer que algum leitor fique preso a um ou outro pormenor) e tente entender o que está em jogo, o contexto, o problema, os argumentos. Desta leitura parecem-me de salientar (para o nosso caso) as ideias seguintes:
1 - Quem são os contestatários da escravatura (portanto, quem é a "seita dos filósofos"), e quais os seus argumentos e motivos;
2 - Quais são os argumentos de autoridade inquestionável dados por D. José Azeredo Coutinho?
1 - Quem são os contestatários da escravatura (portanto, quem é a "seita dos filósofos"), e quais os seus argumentos e motivos;
2 - Quais são os argumentos de autoridade inquestionável dados por D. José Azeredo Coutinho?
Aqueles dois leitores (voltemos a eles) tinham usado um único documento pontifício como argumento de autoridade. Contudo, os argumentos de autoridade apresentados por D. José Azeredo Coutinho são em maior número e maior autoridade. Não creio que o desencontro destes dois leitores da autoridade superior apresentada pelo autor seja totalmente consciente, nem venha a ser persistente depois da leitura deste artigo (embora motivados por condicionamentos sociais-ideológicos, e causas em marcha). Se estes leitores apresentaram um argumento menor, contra um argumento maior, não significa necessariamente que o argumento por eles escolhido careça de veracidade ou autoridade, mas sim mal usado/interpretado. Foi mal usado, sim!
Argumentos maiores são as Sagradas Escrituras e sucessivas Bulas Papais. Há que considerar que a escravatura, antiquíssima, não é necessariamente má como se acredita hoje, e por isso nunca tinha sido condenada como tal. É apenas isto. No séc. XIX um Papa proibiu a escravatura; no anterior séc. XVIII o poderoso Marquês de Pombal (que deu o primeiro passa na expulsão universal dos Jeuítas na própria Igreja) proibiu o "comércio de escravos" - e há nisto uma ligação com a tal "seita dos filósofos". Esta proibição régia, claro está, também não pode ser condenação à escravatura em si mesma, nem o tal único documento Papa (o qual monstra que no séc. XIX o conceito de "escravatura" já começava a perder o sentido próprio). O fenómeno da escravatura no liberalismo acaba por gradualmente coincidir com aquilo que os pais do Liberalismo tinham atirado de culpas à Igreja. Isto fica demonstrado pelas intervenções papais ao longo da história, nunca tinham condenado a escravatura, mas sim os casos pontuais onde houve mau agir de um ou de alguns senhores para com escravos, ou para proibir a escravatura de índios; assim o séc. XIX (tempo da mentalidade liberal) tornou tão sistemático o mau agir contra tudo e contra os escravos que "escravatura" e "mau agir" se conotaram um com o outro, com a mesmíssima força pretendida pela "seita dos filósofos" (maçonaria).
Penso em redigir depois outro artigo que contribua para o entendimento daquela escravatura como bem desejável, antes do séc. XIX.
Espero ter exprimido o problema dos dois leitores contra o autor ilustre e dado parte da solução.
Gostaria de ser contactado caso hajam discordantes...
4 comentários:
Discussão sobre parte do assunto na caixa de comentários do artigo "CONTRA A MITIFICADA "ESCRAVATURA" DA SEITA DOS FILÓSOFOS (IV)":
http://www.blogger.com/comment.g?blogID=4056076114655031640&postID=3413787567607194136&page=1&token=1365263328974&isPopup=true
Quando começou a luta da Igreja contra a escravatura?
No próprio Novo Testamento. Na Carta de São Paulo a Filémon, é muito claro o pedido pela libertação de Onésimo, seu escravo fujão, convertido pelo Apóstolo na prisão. Entretanto, São Paulo queria que o próprio Filémon libertasse Onésimo, de livre e espontânea vontade, sem pressões de qualquer sorte, e o recebesse não mais como escravo, mais como irmão em Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim é o proceder da Igreja: sem revoluções e insurreições, mas com mansidão e caridade cristã, são amolecidos os corações. (ver Filémon, I, 9-21)
Assim a escravidão, marca das sociedades pervertidas pela brutalidade do paganismo, acabou em toda a Europa no decorrer dos séculos, na decorrer da construção da Cristandade.
(I parte)
Caro Marcos Silva,
obrigado por comentar. Permita-me:
1 - A sua afirmação de que a escravatura era desumanidade foi usada pela tal "seita dos filósofos" contra a sociedade cristã. Sociedade não só decorrente da Cristandade, como diz, mas a própria Cristandade onde se incluía a escravatura. Entenderá que é a sociedade moderna, ateia ou laica abomina a escravatura, precisamente desde quando a mesma sociedade começa a descristianizar-se! Ora, ou o Marcos Silva condena a antiga sociedade e a escravatura, ou condena a modernidade laica e a proibição da escravatura!
2 - O argumento de que a escravatura era uma marca do paganismo, durando tantos séculos, sem que a Igreja a tivesse proibido como proibiu tantas práticas sociais em curto espaço de tempo, não serve!
3 - Ainda serviria menos dizer que a Igreja demorou tanto tanto tanto a condenar a escravatura que tivessem de ser posteriormente os inimigos dela (maçonaria e os pensadores iluministas) a combateram a escravatura e condenar a desumana sociedade católica do presente e passado. O argumento era o da desumanidade, repita-se! A posição do Marcos Silva escorrega para o lado do iluminista/maçónico da "seita dos filósofos" do séc. XVIII e XIX etc...
4 - A mansidão não é qualidade que num católico deva existir sem a força que lhe é oposta. Caso contrário cai o cristão em ser tíbio e levado facilmente pelo demónio e esclavagismo moral tão próprio das "livres"sociedades modernas... Aliás... por algum motivo os "santos" da sociedade moderna, beatas da falsa liberdade, quais Doutores do fanatismo libertário, oh magnífica estátua da liberdade, liberdade-IGUALDADE-fraternidade... pois é... a igualdade!
(tem continuação)
(II parte)
5 - Falsa ideia de escravatura e até lhe chama "escravidão" (BR.). Mas, na língua portuguesa "escravatura" e "escravidão" nunca tinham sido sinónimos. Não estranha que no português-Br. a palavra "escravidão" fosse substituir a de "escravatura", o que denota certo triunfo dos inimigos da Igreja ali, os liberais e seus filhos atordoados. Por "escravatura" deve entender-se a CONDIÇÃO SOCIAL e por "escravidão" a subjugação moral do próprio individuo! Daqui que, entre a população geral, doutrinada nas sociedades laicas, ateias, modernas, anti-cristandade, influenciadas pelas "luzes", acredita-se que a escravatura equivale a escravidão e que a escravidão não existe fora deste contexto (quando na verdade nunca houve tanta como hoje, toda ela fora desse contexto). Uma vez desaparecida a diferença entre as duas palavras perde-se a estrutura mental que possibilita aos falantes assentar e exprimir!
6 - O PEDIDO de libertação de um escravo vale individualmente e não pela escravatura em si! Na medida em que no pedido é particular não há qualquer referência de condenação da condição social, toma-se o caso de Onésimo como argumento de que a Igreja não condenou a Escravatura! Tanto que neste blog faz anos que estamos a desafiar os leitores a que nos apresentem uma condenação da Igreja à ESCRAVATURA e não a casos particulares deste ou aquele escravo ou grupo de escravos! Até ao momento repete-se aquilo que já esperávamos, pq fomos os primeiros a levar este assunto muito seriamente: depois de várias tentativas, não houve até ao momento uma que fosse válida, pois os leitores ou bem que nos mostram casos particulares ou UM documento Papal contra a ordinariedade de tantos outros anteriores!
7 - Pode ser útil lembrar que nesta passagem bíblica algumas traduções tomam "escravo" por "servo"; o que é incorrecto. Os modernistas (conservadores ou progressistas) tão cativos estão da influência das "luzes" que, em ódios à escravatura, traduziram até "eis a serva do Senhor" quando sempre esteve lá "eis a escrava do [seu] Senhor"! Ora, como condenar que haja escravos e Senhores quando a própria Mãe de Deus escolheu dizer estas palavras para que as escutemos para todo o sempre!? Não valeria dizer "mas é que isso quer dizer outra coisa mais complexa, simbólica ..."... são palavras para todo o sempre (poderia ter escolhido "serva" e não "escrava"!!??)! Enfim... Deus não proibiu escravatura, proibiu-nos a escravidão e por isso nos libertou. A Escravatura é uma condição social em que, sem ter direito a ela existe nela por responsabilidade de alguém que a ela pertence (apenas isto)! A "escravatura" que os filhos das "luzes" quiseram pintar, que é a que esta herdeira sociedade segue, é uma caricatura NECESSARIAMENTE maldosa! Outros tantos e tantos conceitos foram distorcidos entre nós para um só fim: fazer existir vitoriosas as teses divergentes contra a Santa Igreja, a Cristandade e a Tradição católica!
Provavelmente isto chega.
Volte sempre
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