A VERDADE
ou
PENSAMENTOS FILOSÓFICOS
sobre os objectos mais importantes
Á RELIGIÃO, e ao ESTADO
Á RELIGIÃO, e ao ESTADO
por
Pe. José Agostinho de Macedo
LISBOA
Na Imprensa Régia
Na Imprensa Régia
Ano 1814
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XXXII
Há um Culto Revelado Que Tem em Si os Sinais de Uma Constante Imutabilidade
O povo, que nós conhecemos depositário da Revelação, e que pode mostrar seu culto imediatamente revelado por Deus transmitido sempre com fidelidade a seus descendentes os dogmas, e os ritos, que tinha aprendido de Deus. Os cultos das outras nações traziam em si o carácter, ou selo dos vícios, e das paixões nacionais. A impostura ou a Política acomodava os actos da Religião ao vício do país, à natureza do clima, e às circunstâncias dos governos. mas o rito dos antigos Patriarcas era superior a todos os respeitos humanos. Fosse qual fosse a maneira do governo do povo Hebreu, ou vivesse pacífico na Palestina, ou escravo no Egipto, ou em Babilónia, sempre contrário a seus vícios, sempre contante em todo o tempo entre os desastres, e a corrupção universal, se mantinha invariável em seu culto. Não se alteravam os dogmas; não se variavam os ritos; não se perdiam, nem adulteravam os Códices. Este prodígio de Providência prova, que a sua Religião não era dos homens, mas de Deus. De que presta acusar a Religião de quimeras, e assoalha-la como fonte de contradições, e disparates, tornando-a desprezível ao juiz da razão! Houve muitos, e diversos cultos; mas começaram nos homens, mudaram-se com as circunstâncias, ou já acabaram com a mudança dos Governos.
Tiveram seu culto os Chins, os Índios, os Egípcios, os Gregos, e os Romanos; e que vestígios nos restam destes cultos? O tempo desmente as invenções dos homens. Houve um só culto, que começou com o primeiro homem, prosseguiu em todos os séculos, e em todas as gerações de um povo, que mostrou haver recebido este culto das mãos do mesmo Deus. Este Culto dado ao Summo Creador do Céu, e da Terra, não faltou jamais; e é este o verdadeiro Culto. Reconhecemos nele a única, e verdadeira Religião, que é a revelada; todo o outro culto é falso; todo o outro dogma é ideal. Nada pode o tempo contra as obras de Deus. As vicissitudes, os desastres, as guerras, a corrupção geral do género humano, não poderão destruir este culto; eis-aqui o sinal de que não procedera de invenção humana, mas que descera imediatamente do seio da Divina Revelação.
(Índice da obra)
Santo Sacrifício da Missa - Igreja do Mosteiro de S. Vicente de Fora, Lisboa (Portugal) |
(Índice da obra)
2 comentários:
Mesmo sem o saber, o Padre José Agostinho de Macedo arrumou com a questão do Missal de Paulo VI :)
Ora viva.
pois é. Não sabia do Missal de Paulo VI, nem do Summorum Porntificum, mas quem se guia bem pelos princípios (e não pela obtenção de efeitos) acerta sempre, até mesmo sendo burro. Eis uma das facetas da VERDADE que, aliás, é o nome da obra de onde foi este artigo extraído.
Em dois parágrafos o injustamente mal afamado Pe. José Agostinho de Macedo acertou no ponto nevrálgico da actual "guerra de missais" (ou questões inúteis em torno do Summorum Pontificum, como inutiliza aquele escape do "lícito-ilícito"). Sendo assim, fica visto que a difamação liberal em torno do Pe. José Agostinho de Macedo, a qual tem efeito até aos dias de hoje, só tem dificultado o contributo Português na Igreja. Misteriosamente, quis ou permitiu Deus que bons legados como estes ficassem discretos, só conhecidas de poucos, e hoje sejam colocados para outros mais que queiram receber e continuar.
Volte sempre.
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