É importante dizer que o liberalismo não é um fenómeno homogéneo no séc. XIX. Tal como o Luteranismo, os grupos pró-liberais começaram por se distinguir apenas em alguns aspectos que, em potência, continham erros que se foram manifestando por diante.
Na minha opinião, a progressiva actuação liberal pode ser observada em duas fases distintas: a introdução moderada, e a manifestação violenta.
Na minha opinião, a progressiva actuação liberal pode ser observada em duas fases distintas: a introdução moderada, e a manifestação violenta.
Por "introdução moderada" entendo o período que vai até a instalação "definitiva" das forças liberais no poder. Por "manifestação violenta" entende-se o período de agravamento e consumação, a manifestação já declarada do ideário liberal. Nos casos de Portugal e Brasil, a "introdução moderada" vai até ao momento em que D. Pedro de Alcântara toma o poder, e a derrota de D. Miguel em 1834. A "manifestação violenta" é a fase de aplicação das medidas liberais.
D. Pedro de Alcântara |
A princípio estes nomes podem confundir, porque "moderado" e "violenta" não se referem ao aspecto físico, mas sim ideológico. As batalhas do primeiro período não fazem dele mais mais violento, mas sim mais visível.
Em tempo de "introdução moderada" do liberalismo militado procurou conquistar adeptos para algumas questões estratégicas, mas em tempo de "manifestação violenta" os militados liberais fizeram adequar a realidade às suas ideias, provocando distúrbios morais, sociais, religiosos, espirituais, políticos etc... Impostos os novos princípios, seguiram-se-lhes as consequências.
Se na primeira fase combatemos o liberalismo com mais lucidez, porque estávamos ainda com os pés assentes no catolicismo tradicional, na segunda fase a sociedade já tem trejeitos liberais e os seus anti-liberais acabam por ser muitas vezes anti-muito-liberais, não dando já conta de alguns detalhes. É por isso que ao lermos uns e outros autores, os do primeiro tempo vão mais fundo nos princípios.
Quando lemos os autores anti-liberais e anti-maçónicos da segunda metade do séc. XIX, é por vezes desolador: em algumas partes assentam sobre alguns erros comuns com o inimigo, embora desatem a bater em pontos mais diferenciados.
O movimento liberal da segunda fase, não contente com o sucesso, tratou descer ainda mais degraus e começava os preparativos para uma república, pois a "monarquia" constitucional não lhes chegava, embora ela já seja a porta de entrada da república, e o enterro da monarquia tradicional.
Os autores anti-liberais da segunda fase, um pouco por todo o mundo, e a segunda fase não se dá por igual em todo o mundo, nem da mesma forma, combatem um liberalismo extremo que se auto-proclama não católico. Contudo, deixam em branco o liberalismo inicial que já contem as sementes primordiais.
2 comentários:
Salve Maria!
Muito bom. Eis a diferença para toda e qualquer luta: "pés assente no Catolicismo"...Pois!
Mas, no último parágrafo, não caberia parenteses!?...Bem, ao meu ver, sim ;)
Aqui: "Os autores anti-liberais da segunda fase, (um pouco por todo o mundo, e a segunda fase não se dá por igual em todo o mundo, nem da mesma forma), combatem um liberalismo extremo que se auto-proclama não católico. Contudo, deixam em branco o liberalismo inicial que já contem as sementes primordiais."
não sei!
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