30/11/12

I DOMINGO DO ADVENTO - Sermão de STO. AFONSO DE LIGÓRIO


I DOMINGO DO ADVENTO

- O Juízo Derradeiro -
"Então aparecerá o sinal do Filho do Homem no Céu com muito poder e majestade"
(Mateus 24.30)


Hoje em dia Deus é desconhecido, assim os pecadores desprezam-n'0, como se Ele não pudesse, quando quisesse, vingar-se dos ultrajes que Lhe foram feitos. Eles pensam: que nos pode fazer o Omnipotente? (Job 22. 17). Mas o Senhor fixou irrevogavelmente um dia, que as Sagradas Escrituras chamam o dia do Senhor, em que o soberano Juiz deve enfim mostrar-se tal como é. O senhor manifestou-se, fez justiça (Salm. 9. 17). Este dia também é chamado dia de cólera, dia de tribulação, de angústia, dia de calamidade e de miséria. (Sofonias 1. 15). 

l° No primeiro ponto: o comparecer diferente dos justos e dos pecadores
2º O Exame de consciência
3°A sentença dos justos e dos danados. 

I
O COMPARECER DIFERENTE DOS JUSTOS E DOS PECADORES 

1. O início deste dia será marcado pelo fogo que descerá do Céu e queimará todos os homens ainda vivos e todas as coisas deste mundo: E os elementos com o calor se dissolverão e a terra e todas as obras que há nela serão queimadas (2 Pedro 3. 10). Tudo isso apenas será um montão de cinzas. 

2. Os homens, estando mortos, a trombeta soará e todos ressuscitarão, como o diz o Apóstolo: Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta, os mortos ressuscitarão incorruptíveis (1 Cor. 15. 52). São Jerónimo exclama (In S. Mateus cap. 5): Cada dia considero eu o dia do Juízo, tremo. Quer eu coma, beba ou faça qualquer coisa, sempre parece que os meus ouvidos ouvem este terrível som da trombeta: Levantai-vos mortos, vinde ao julgamento. E Santo Agostinho confessa que nada o arrancava aos prazeres da terra a não ser o temor do julgamento. 

3. Ao som desta trombeta descerão do Céu as almas puras dos eleitos, para retomar a forma com que serviram a Deus na terra; surgirão do inferno as almas culpáveis dos danados, para revestir o maldito corpo com que ofenderam a Deus na terra. Quão diferentes serão eles uns dos outros ! Os danados aparecerão feios e pretos como outros tantos tiçãos do inferno; e os eleitos irradiarão como outros tantos sóis. Então resplandecerão os justos como o sol no reino do Seu Pai (Mateus 13. 43). Ó quão poderão alegrar-se então os que terão mortificado a sua carne pela penitência. Podemos convencermo-nos pelas palavras que São Pedro de Alcântara dirigiu a Santa Teresa, quando lhe apareceu depois da morte: Ó feliz penitência que me valeu tamanha glória ! 

4. Logo depois da ressurreição, os homens serão chamados pelos anjos no vale de Josafat para ser julgados: (Joel 3. 14). Os anjos virão a seguir para separar os justos dos danados, colocando os justos à direita e os danados à esquerda. Será assim no fim do mundo, virão os anjos e separarão os maus do meio dos justos (Mateus 13. 49). Oh ! Que vergonha sentirão então os miseráveis danados, escreveu o autor do livro das Obras imperfeitas (Hom. 54). Como imaginar a confusão dos danados ao ser separados dos justos para serem condenados ! Só este castigo, nos diz São João Crisóstomo, basta para equivaler a todos os tormentos do inferno: Se nada além disso fosse revelado, esta única vergonha bastar-lhes-ia como pena (In S. Mateus cap. 24). O irmão será separado do irmão, o marido da sua mulher, o filho do seu pai, etc. 

5. Mas eis que os céus se abrem, os anjos ao descerem para assistir ao julgamento, levando o sinal da Cruz e os outros instrumentos da paixão do Nosso Divino Redentor, como o escreve São Tomás, o doutor angélico: Na vinda do Senhor para o Juízo, aparecerão o sinal da Cruz e as outras coisas da paixão (S. Tom. Opusc. 2 cap. 244). Isso está confirmado pelas palavras de São Mateus (24. 30). Então aparecerá o sinal do Filho do homem no Céu, e todas as tribos da terra chorarão, e verão o Filho do Homem vir sobre as núvens do Céu com grande poder e majestade. Os pecadores derramarão lágrimas amargas e cruéis dos remorsos, vendo a Cruz do Salvador e, como diz São João Crisóstomo dirigindo-se para o ímpio, os cravos se queixarão de ti, as chagas e a Cruz levantarão contra ti a sua voz poderosa (Homil. 20. In Mateus). 

6. A este Julgamento assistirão também a Rainha dos Anjos, a Santíssima Virgem Maria e enfim aparecerá o Juiz Soberano, levado sobre as núvens, resplandecente de luz e de majestade. E verão o Filho do homem vir sobre as núvens do Céu com grande poder e majestade (Mateus 24. 30). Oh que grande tormento para os danados ao ver face a face o seu Juiz ! À sua vista ficam atormentados os povos (Joel 2. 6). São Jerónimo escreve que a presença de Jesus Cristo será para eles um suplício mais terrível do que os do próprio inferno. Assim, neste dia supremo, como profetizou São João: dirão aos montes que caiam sobre eles, e que os ocultem à vista do seu Juiz irritado: E diziam aos montes e aos rochedos: caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está sentado sobre o trono e da ira do Cordeiro (Apoc. 6. 16). 

II
O EXAME DE CONSCIÊNCIA 

7. Procedeu-se ao Julgamento e foram abertos os livros (Dan. 7. 10). Os livros da consciências serão abertos e o Julgamento começará. Nada de escondido ficará então: O Apóstolo diz que o Senhor porá às claras o que se acha escondido nas trevas (1 cor 4. 5). Deus mesmo diz pela boca do profeta Sofonias (1. 12). Esquadrinharei Jerusalém com lanternas. A luz desta lanternas iluminará todas as coisas escondidas. 

8. Lê-se em São Jerónimo (Homil. 3. In David). O dia do Juízo é terrível para os pecadores, mas desejável e suave para os justos. Deus fará a cada um dos justos o elogio merecido das boas obras (1 Cor 4. 5). O Apóstolo diz que os eleitos serão neste dia arrebatados no ar sobre as núvens para avolumar o cortejo dos anjos que acompanham o Salvador: seremos arrebatados juntamente com eles sobre as núvens ao encontro de Cristo nos ares (1 Tess. 4. 16). 

9. Os mundanos, que dantes taxavam de loucura os santos, agora mortificados humilhados, fazem cair sobre eles próprios esta mesma injúria, e exclamam: Nós insensatos considerávamos a sua vida uma loucura e a sua morte uma ignomínia, ei-los que são contados entre os filhos de Deus e, entre os santos está a sua sorte? (Sabed. 5. 4). Neste mundo, reputamos felizes aqueles que possuem as riquezas e as honras enquanto que a única fortuna é se tornar Santo. Alegrai-vos, almas cristãs, que levam uma vida cheia de tribulação: Haveis de estar triste, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria (João 16. 20). No vale de Josafat, estareis colocado perto do trono de Glória. 

10. Inteiramente ao contrário, os pecadores serão colocados à esquerda, como outros tantos bode impuros, destinados ao talho; estão à espera da sua última condenação. No tempo do julgamento, diz São João Crisóstomo, a misericórdia não terá lugar. Já não há, no grande dia do Juízo, esperança de misericórdia para os desgraçados pecadores. Santo Agostinho nos diz: A grande pena do pecado é de perder a memória e o medo do grande dia do Julgamento de Deus. Aquele que perde a graça no mesmo tempo perde com ela também a memória e o medo do Juízo de Deus. (Serm. 20 de temp). Sabe, sabe desgraçado pecador, obstinado no pecado, diz o Apóstolo, que por esta obstinação amontoas um tesouro de ira Divina para o grande dia do Julgamento de Deus. Mas a tua dureza e coração impenitente acumula para ti um tesouro de ira no dia da ira e da manifestação do justo Juízo de Deus (Rom. 2. 5). 

11. Então, diz-nos Santo Anselmo, os pecadores que quereriam debalde esconder- -se, serão forçados a comparecerem diante do seu Juiz, sentindo uma dor insuportável. Impossível esconder-se, intolerável comparecer. Os demónios farão os seus ofícios de acusadores e dirão ao Juiz, segundo as palavras de Santo Agostinho: Julga este escravo meu, que não quis ser o Teu. Os danados ouvirão testemunhar contra eles: 1º a sua própria consciência: Dando-Ihes testemunho a sua própria consciência (Rom 2. 15). 2°as criaturas, porque as muralhas próprias das casas em que pecaram falarão e desvendarão os seus crimes: Porque a pedra da parede clamará (Habac. 2. 11). 3°o próprio Juiz que lhes diz: Eu sou o testemunho e o Juiz (Jer. 29. 23). Ele dirá Especialmente aos cristãos reprovados, assim como narra São Mateus: Ai de ti Corozaim ! Ai de ti Betsaida, porque, se em Tiro e em Sidónia tivessem feito os milagres que se realizaram em vós, há muito tempo que eles teriam, feito penitência em cilício e em cinza (Mateus 11. 21). Cristãos, dirá Ele, se Eu tivesse feito aos turcos e idólatras as mesmas graças que haveis recebido de Mim, teriam feito penitência das suas culpas, ao passo que vós perseverais no pecado até a morte. E então Ele fará aparecer aos olhos de todos os seus crimes mais escondidos. Eis-Me contra ti, diz o Senhor dos exércitos ! Vou lançar sobre o teu rosto e mostrar a tua nudez às nações, aos reinos a tua vergonha (Naum 3. 5). Desvendará e tornará públicas as suas injustiças e crueldades escondidas. Farei recair sobre ti as tuas obras (Ezeq. 7. 4). 

12. Que desculpa fundada, que desculpa qualquer, poderia ele apresentar ? Toda a maldade fecha a sim boca (Salm. 106. 42). Assim em vez de buscar desculpas, pronunciarão eles mesmos a sua própria condenação. 

III
SENTENÇA PRONUNCIADA SOBRE OS ELEITOS E SOBRE OS DANADOS

13. São Bernardo diz (Serm. 8 in Salm 90). que a sentença que concerne aos justos será proferida em primeiro lugar, e chamá-los-á a desfrutar da glória celeste afim de agravar a pena dos reprovados pelo espectáculo do bem que perderam. Jesus Cristo portanto virar-se-á para os eleitos e dir-lhes-á com amor e serenidade: vinde benditos do Meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde a criação do mundo (Mateus 25. 34). Benzer-lhes-á todas as lágrimas derramadas na penitência, todas as boas obras, orações, mortificações, comunhões: sobretudo benzer-lhes-á a parte de dor que sentiram da Sua Paixão e do Sangue derramado por Ele pela salvação deles. Todos glorificados por esta bênção, os eleitos, cantando aleluia, aleluia, entrarão no Paraíso para aí louvar e amar a Deus eternamente. 

14. Virando-se depois para o lado dos reprovados, o soberano Juiz pronunciará a sua sentença com estas palavras: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno (Mateus 25. 41). Será portanto amaldiçoado por Deus e como tal separado de Deus e condenado a arder para sempre no fogo eterno: E esses irão para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna. (Mateus 25. 46). Depois desta sentença, diz Santo Éfrem, os danados serão forçados a dizer um último e eterno adeus aos seus parentes, no Céu, aos Santos, à Santíssima Mãe de Deus: Adeus Justos, adeus Cruz, adeus Paraíso, adeus pais e filhos. Já nunca mais nos vamos ver de novo: adeus também Maria Virgem e Mãe de Deus (S. Éfrem de variis serm. Inf.). Depois um abismo abrir-se-á no meio do vale, em que os danados vão ser engolidos, e sentirão por detrás deles fechar-se as portas que nunca vão tornar a abrir-se durante toda a eternidade. Ó funesto pecado, ao qual fim miserável hás-de arrastar um dia tantas almas, resgatadas pelo sangue precioso de Jesus Cristo ! Ó almas desgraçadas, que fim lamentável vos é assim reservado ! 

Mas vós, cristãos, alegrai-vos; vós para quais Jesus Cristo é ainda um pai, e não um Juiz; Está pronto a perdoar ao pecador arrependido. Imploremos portanto o perdão salutares (Aqui, mandamos o povo rezar actos de penitência e de resoluções para uma vida melhor e a oração a Jesus e a Maria para obter a graça da perseverança final. Estes actos devem fazer-se ao remate de cada sermão).

O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXLI


29/11/12

EM NOME DE UMA FALSA VERDADE

 "Vai ouvir as verdadinhas todas" - ouvimos tantas vezes dizer isto, sobretudo a rapariguinhas. Evidentemente que estas "verdadinhas" são uma deturpação do conceito "verdade", deturpação conatural ao azedume, e usada como forma cobarde de poder. Tal actitude chega a ser tão pouco caridosa que se desresponsabiliza de toda a má consequência que advenha deste dizer as "verdadinhas".  Comportamento íntimo da mesquinha irritação, por vezes acto de vingança fingidamente autorizado por suposto dever de dizer a verdade seja como for e quando for: a única regra que ali parece existir é a satisfação pessoal. Nunca essas pessoas vestem com tanto empenho a pele de "defensores da verdade"! Este uso de suposta verdade, é, ao fim e ao cabo, uma abuso contra a verdade, é uma falsidade afastada do "viver em verdade" e o "agir em verdade".

Os fins não justificam os meios, nem os meios justificam os fins... - assim o sabemos da moral.

Bem poderíamos chamar a esse mau uso da verdade "verdade de Satanás", da mesma forma que, com a factualidade e as afirmações verdadeiras, também a besta engana - e assim diz o povo: "com a verdade me enganas". Ora, a "verdade" retirada do seu contexto de bem, de amor, de beleza, de justiça, não pode ser Verdade nem produzir bem, nem justiça, nem ordem, nem beleza, nem amor. Há que distinguir, portanto, entre "verdade" de coisas como "factualidade" ou "verdadeiro".

Não pretendo fazer aqui profundas demonstrações e explicações. Apenas faço um alerta para que muitos possam sair de certos erros muito difundidos, de certos vícios muito enraizados e acalentados por certos grupos, e pela sociedade moderna em geral.

27/11/12

O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXL


O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXXIX


O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXXVIII


PORTUGAL MILITAR (VI)

(continuação da V parte)




O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXXVII


O VATICANO IMPÕE O ABANDONO DO CATOLICISMO A LIECHTENSTEIN

 Tradução do artigo de STAT VERITAS (21, Novembro de 2012):

"Outro triste episódio, fruto da falsa concepção moderna (e modernista) da liberdade religiosa. Este conceito de liberdade religiosa nega que o Estado deva ser confessional e católico, pois proclama o direito natural de professar qualquer crença, em nome da dignidade da pessoa humana, direito inviolável que o Estado deve respeitar. O Papa Leão XIII, na Carta Encíclica Libertas, afirma que: "Sendo pois, necessário, ao Estado professar uma religião, há de professar a única verdadeira, a qual sem dificuldade é conhecida, singularmente nos povos católicos, visto que nela aparece como que selados os carateres da verdade" (nº27). Logo o Estado neutro, ateu, ou pluralista está contra desta verdade porque ao colocar em pé de igualdade as falsas religiões coma verdadeira, a que acaba por se destruída e relativizada, é a verdadeira religião.

Este erro emana do documento conciliar Dignitatis Humanae, o qual, contradiz o Magistério e a Tradição Católica.

O Vaticano Impõe a Liechtenstein o Abandono da Religião Católica

 Vaduz/ Bruxelas/ Madrid, 15 de Novembro de 2012, festividade de Sto. Alberto magno, bispo, confessor e doutor. Se no início do passado mês de julho a FARO recolhia a boa notícia da derrota em referendo, em Liechtenstein, da proposta para abolir o direito ao veto por parte do seu Principie Soberano (cujo sucessor, S.A.S. Alois Von und Zu Liechtenstein, tinha anunciado que vetaria a legalização do aborto e outras leis contra-natura ainda que fossem aprovadas em referendo) hoje temos que voltar ao dito Príncipe por causa de uma muito má notícia.

O InfoCatho.be anuncia que "O Principado de Liechtenstein e a Santa Sé concluíram as negociações com vista a uma nova concordata sobre as relações da igreja-Estado. O governo de Liechtenstein comunicou que a assinatura do acordo deveria ter lugar no início de Dezembro.
O parlamento do Principado debate este acordo durante uma sessão extraordinária convocada a 15 de novembro de 2012. O ponto principal deste novo tratado é que já não se define a religião católica como Igreja nacional [sic]. Esta modificação constitucional abre o caminho à igualdade das religiões. Também significa que a Igreja Católica abandonaria os privilégios ligados à sua condição de Religião do Estado.
A nova regulamentação deve debruçar-se principalmente sobre o problema do ensino da religião nas escolas, assim como o financiamento das comunidades reconhecidas. O governo do Principado propõe a introdução de um imposto eclesiástico para as religiões reconhecidas"
.

O pequeno Principado de Liechtenstein gozava parcialmente de unidade religiosa até à poucos anos, quando a imigração introduziu alguns elementos estranhos, ainda que muito minoritários. Maior é a presença da irreligião, como ocorreu em todas as sociedades católicas com base no Concílio Vaticano II. O mesmo que introduziu, especialmente pela sua declaração Dignitatis humanae, a falsa doutrina da liberdade de cultos ("liberdade religiosa"), em nome da qual o Vaticano tomou a iniciativa de obrigar os estados católicos a implementá-la, e a renunciar depois a própria confidencialidade católica ou fazer requisito ao chefe de Estado que professa-se a Fé verdadeira (o caso de Espanha, Colômbia, o cantão suíço de Valais, as repúblicas italiana e argentina, etc.).

Depois desta nova mostra de descatolização gratuita, e de mudanças legislativas em favor das seita, exigidos novamente pelo próprio Vaticano, fica por ver se aqueles que continuam defendendo a obediência cega à actual hierarquia tiram as conclusões apropriadas. Especialmente aqueles que, por outro lado, dizem continuar a apoiar a Realeza Social de Nosso Senhor.

“La separación del poder político respecto del orden moral y religioso no puede ser aceptada por un espíritu cristiano, ni aun creyente de otra fe, más que como apostasía o como pecado. El régimen estatal o de convivencia neutra nació a la realidad con la escisión religiosa del siglo XVI, pero no se erigió en teoría hasta el racionalismo y el estatismo, que son plantas de suelo arreligioso y agnóstico [...] antes de llegar a tal situación y de admitirla, el cristiano ha de luchar hasta el final por conservar comunitariamente esa unidad religiosa, considerada siempre como el bien más precioso que ha recibido de sus antepasados y el patrimonio que debe transmitir a sus hijos”. (Rafael GambraLa unidad religiosa y el derrotismo católico).

26/11/12

ALEGORIA AOS FEITOS LUSITANOS


MANUAL DA LIGA ANTI-MAÇÓNICA (XVIII)

(continuação da XVII parte)



Que é necessário para ser MEMBRO ACTIVO da Liga?Além dos compromissos dos membros declarados, é mister ter aceitado o de propagar a Liga, e demais dar uma quota de 200 réis mensalmente.

Entretanto todo o membro declarado que tiverem granjeado 20 membros para a Liga, poderá ser recebido como membro activo ainda que não pague senão 200 réis por ano.

Quais são as vantagens do MEMBRO ACTIVO da Liga?
São o ser favorecido pelos membros da mesma, como os membros declarados; o contribuir mais que os outros para a grande guerra contra o inimigo comum; e, para falar cristãmente, a aquisição de grandes merecimentos diante de Deus: enfim é de entre os membros activos que são escolhidos os membros da comissão da propaganda local.

Como é admitido o MEMBRO ACTIVO da Liga?
Assinando a fórmula de adesão de membro activo na folha entregue pelo presidente da comissão local depois de um voto favorável dos membros da comissão, sobre a admissão do candidato.

Como se forma a COMISSÃO DE PROPAGANDA LOCAL?
Em casa localidade dez membros activos, ou pelo menos cinco nos pequenos lugares, constituem a Comissão de propaganda local, com um presidente, um tesoureiro e um secretário: a qual, provisória no princípio, é depois constituída definitivamente por membros declarados e activos. Os delegados da comissão central assistem à instalação e aprovam-na. nas cidades poder-se-ão constituir várias comissões locais, segundo a cifra da população.

Quais são as ATRIBUIÇÕES da comissão local?
Fomenta as relações com a comissão central, pede-lhe os livros de propaganda anti-maçónica (o Manual e os mais de que se falará), as folhas de adesão, o selo da Liga; solicita estes livros, e folhas para os membros activos, administra a caixa, distribuem os socorros, etc. Reunem-se todos os mezes, ou pelo menos de dois em dois mezes. Além disto convoca duas vezes por ano todos os membros da localidade a fim de lhes dar conta dos progressos e administração da obra. os membros da comissão são eleitos de dois em dois anos, e podem ser deesleitos. os diversos escrutínios são secretos e por maioria absoluta de votos.

Qual é de facto a MISSÃO de cada uma das comissões locais?
Cada uma destas comissões será um foco de propaganda anti-maçónica, e assim será colocada em prática, em todos os pontos do país, aquele grande dicto de leão XIII: "Arrancai à Maçonaria a máscara, com que ela se encobre, e mostrai-a tal qual é."

O que é a comissão central e de que modo é constituída?
Na provação principal de cada distrito ou provincia (segundo o país) 20 membros activos formam a comissão central da liga Anti-Maçónica. Esta, provisória a princípio, é depois definitivamente constituida entre os membros activos pelos presidentes das comissões locais, da sua circunspecção.

Quais são as ATRIBUIÇÕES da comissão central?
A comissão central está encarregada:
1) De mandar imprimir em número suficiente os Manuais da Liga Anti-Maçónica, como também as folhas de adesão e de mandar fazer os selos da Liga. E de tudo isto estará provida para satisfazer aos pedidos das comissões locais;
2) De se fornecer das mais brochuras e livros que hão de servir para a propaganda anti-maçónica de cada uma das comissões locais;
3) De escolher ou fundar como órgão da Liga um jornal diário ou pelo menos uma publicação semanal ou mensal; 
4) De promover a fundação de comissões nas diversas localidades.

E quais são as fontes de receita da comissão central para fazer face a estas desprezas?
Os donativos voluntários que lhe foram em vista do grande bem que se espera, e a décima das cotizações regulares que cada localidade é obrigada a enviar-lhe.

Para a reeleição da comissão central e suas reuniões regulares seguem-se as mesmas disposições que para as comissões locais.

Indicais alguns dos LIVROS ou FOLHETOS ANTI-MAÇÓNICOS que a comissão central se poderá encarregar de fornecer às comissões locais.

Além do Manual da Liga Anti-Maçónica:
A Enciclica Humanum genus, de Leão XIII.
A Maçonaria Desmascarada, com intodução e notas por um Vimaranenses (edição de Teixeira de Freitas) 300 réis.
A Maçonaria, o que é, o que faz e o que quer, - diálogos populares, 120 réis.
O que é a frano-maçonaria, por Mons. de Segur.
A Maçonaria e os Jesuitas, pelo Ex.mº Sr. Bispo de Olinda, com notas, etc., por um Vimaranense.
A Franco-Maçonaria e a Revolução, pelo Padre Gautrelet S.J.; trad. do Sr. Conde de Samodães.
A Maçonaria, pr Gyr. (2 vol.)
O Liberalismo Desmascarado, por um Jesuita; 1$500 réis.
Estudo sobre a Franco-Maçonaria, por Mons. Dupanloup.
O Segredo da Franc-Maçonaria, por Mons. Fava, Bispo de Grenoble.
Les Sociêtés secrètes et la Société, par N. Deschamps.; 2ª edit. par Claudio Jannet.
Le Franc-Maconnerie, et la Révolution, par louis d'Estampes et Claudio Jannet.
Le Franc-Maçon, par Eckert.
La Franc-Maçonnerie soumise au grand jour de la publicité, par Armand Neuf.
La Franc-Maçonnerie démasquée (revue mensuelle), par M. Rastoul, collabourateur de L'Universe: - rue Cassette, 6. Paris.

O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXXVI


DEUS, O REI DE D. JOÃO V

D. João V







"Os Reis Católicos partiram para Sevilha, e os nossos para Lisboa, e saindo de Elvas com a Família Real para Vila Viçosa ao tempo, que saía da Praça ElRei [D. João V] encontrou o Santíssimo Sacramento, que voltava da se dar a uma pobre enferma, apeando-se acompanhou-O até à Freguesia, mandou-lhe dar uma boa esmola, e outra à doente. No dia 27, às cinco horas da tarde, entraram os Reis em Vila-Viçosa e se apearam à porta que vai para a Capela Ducal, onde se cantou o Te Deum com muita solenidade, e entrando outra vez no coche foram todos fazer oração à Imagem da Imaculada Conceição da Virgem Santíssima, a quem é dedicada a Igreja Matriz." (D. António de Sousa, em H. Geneal. Casa R. P.)

O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXXV


25/11/12

O ESTADO CATÓLICO - MAGISTÉRIO CONTINUADO (II)

Leão XIII
(continuação da I parte)


LEÃO XIII

na
Encíclica
INMORTALE DEI

[...]

"A razão natural, que manda a cada homem dar culto a Deus piedosa e santamente, porque dEle dependemos, e porque tendo dEle saído, a Ele devemos voltar, impõe a mesma obrigação  à sociedade civil. Os homens não estão menos sujeitos ao poder de Deus quando vivem unidos em sociedade do que quando vivem isolados. A sociedade, por sua vez, não está menos obrigada a dar graças a Deus, a quem devem a sua existência, a conservação, e inumerável abundância de bens, que os particulares. Assim sendo, tal como não é lícito a alguém descuidar dos seus deveres para com Deus, o maior dos quais é abraçar de coração e com obras a religião, não a que cada um prefira, senão a que Deus manda e consta por argumentos certos e irrevogáveis como única e verdadeira, da mesma forma os Estados não podem obrar, sem que incorram em pecado, como se Deus não existisse, nem despedir a religião como coisa estranha ou inútil, nem podem, ainda, eleger indiferentemente uma religião entre tantas. Muito pelo contrário. O Estado tem a obrigação estricta de admitir o culto divino na forma com que o mesmo Deus quis ser venerado. Portanto, é obrigação grave favorecer das autoridades honrar o santo nome de Deus. Ente as suas obrigações principais está a de favorecer a religião, defendê-la eficazmente, colocá-la sob o amparo das leis, não legislar nada em contrário à incolumidade daquela. Obrigação devida também dos governantes para com os seus cidadãos. Porque todos os homens nascemos e fomos criados para alcançar um fim último e supremo, ao qual devemos referir todos os nossos propósitos, e que está colocado no céu, mais além da frágil brevidade desta vida. Portanto, se deste sumo bem depende a perfeita e total felicidade dos homens, é clara a consequência: a consecução deste bem tanto importa a cada um dos cidadãos, que não há nem pode haver outro assunto mais importante. Portanto, é necessário que o Estado, estabelecido para o bem de todos, ao assegurar a prosperidade pública, proceda de tal forma que, longe criar obstáculos, de todas as possíveis facilidades aos cidadãos para o alcance daquele sumo e incomutável bem que naturalmente desejam. A primeira e principal de todas elas consiste em procurar uma santa e inviolável observância da religião, cujos deveres unem o homem com Deus."

A VERDADE E O EVOLUCIONISMO (XIV)

(continuação da XIII parte)
"A ciência deve, portanto, começar com a crítica aos mitos" (Karl Popper)

A SELECÇÃO NATURAL

O macaco não é um primata imperfeito que chegará à perfeição quando "evolua", até tornar-se homem. De forma alguma; pois o macaco, enquanto tal, é perfeito. Todos os seres vivos são perfeitos no seu nível. E mais, do ponto de vista biológico, e mais precisamente do ponto de vista darwinista, o macaco é francamente superior ao homem (os ratos ainda mais). Caro leitor, a demonstração é simples: abandonemos um homem e um macaco [recém-nascidos] no meio da selva e vejamos quem tem maior capacidade de sobrevivência. A história de Tarzan, ainda que fascinante, é um mero conto. Assim como a hipótese darwinista, de quem é filha.

O homem não pode trepar às árvores como o macaco, nem pode defender-se do sol ou frio sem roupas, as inclemências do tempo exigem-lhe um tecto; tem de cozinhar os alimentos, etc., etc. Certamente que o homem é infinitamente "superior" ao macaco pela inteligência; mas esta não pertence, em sentido estrito, à biologia. O que pertence a esta ciência é o cérebro, mas não a inteligência, que se expressa através do cérebro, mas não se identifica com ele, como foi assinalado por Bergson, W. Penfield, R. Sperry, C.D. Broad e Sir John Eccles, entre outros.

A questão em torno da inteligência é muitíssimo relativa; pois quando ela supera o nível mínimo de aptidão indispensável par destruir impiedosamente ao próximo, transforma-se decididamente em factor anti-sobrevivência. Quem com mais probabilidade sobrevive, sobretudo no "primeiro mundo": um vigarista ou um pensador, um agiota ou um artista,  um vagabundo ou um labutante? E isto falando apenas em humanos, e que não passaria no mundo animal!

Imaginemos por momentos que, através de certo milagre darwinista, um pobre macaco começasse a desenvolver algumas características humanas; e que, por exemplo, começasse a emocionar-se com um raio de sol; a estremecer - como Pascal -contemplando as estrelas; a escrever poemas à amada macaca do seu coração; a interrogar-se sobre a sua origem e destino... O macaco que tiver a singular desgraça de desenvolver qualquer características destas, seria então inexoravelmente aniquilado pela Selecção Natural!

Há mais probabilidades de sobrevivência no homem fazer-se macaco do que no macaco fazer-se homem.

(continuação, XV parte)

23/11/12

TRIO SONATA nº 5 (BWV 529), Allegro - J.S.BACH




Oh meu Deus... o que a minha pouca inteligência se "aflige" perante estas capacidades tão grandes dadas ao homem. Ao escutar, e seguir as vozes uma por uma, e em conjunto, não se pode ser indiferente ao quão maior é a inteligência divina... E, após uma, e outra, e mais outra audição, e análise... não se esgota a admiração!

Está é a minha versão favorita - ao órgão, Helmut Walcha.

CONTRA A MITIFICADA "ESCRAVATURA" DA SEITA DOS FILÓSOFOS (II)

(continuação da I parte)
D. José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho (1742 - 1821)
Nascido em Campos (Brasil)

CONCORDÂNCIA DAS LEIS DE PORTUGAL E DAS BULAS PONTIFÍCIAS,
Das quais umas permitem a escravidão dos Pretos de África, e outras proíbem a escravidão dos Índios do Brasil.

§. VI. Os Autores, e primeiros Sacerdotes de uma Filosofia tão bárbara, e tão vacilante poderiam talvez ter a desculpa, de que ou eles não reflectiram nas terríveis consequências dos seus princípios; ou que persuadidos de ser impraticável o seu Plano entre nações, que respeitam o direito da propriedade, só aspiravam à glória pueril de se fazerem célebres em sustentar paradoxos: mas depois que a revolução da França fez a sua explosão, que lançou chamas de um outro Mundo, é necessário que tais Filósofos apareçam já sem máscara à face do Mundo, como chefes de bandos indigentes, fazendo guerra aos ricos Proprietários para lhes roubarem os seus bens, as suas riquezas, e a sua indústria: eu não duvido, que tais Filósofos tenham por sócios, e aprovadores, bandos de bárbaros, e de selvagens sem propriedade, e sem indústria; eu porém sou contente de ter pela minha parte todas as nações civilizadas, onde houver Governo, Religião, Virtude, Honra, e Probidade.

§. VII. Mas como depois de feita a minha Análise se me quis fazer um novo ataque, trazendo-me em oposição as Leis, que permitem o comércio do resgate dos escravos da Costa de África, os Alvarás do 1º de Abril de 1680, e o de 6 de Junho de 1775, que declaram livres todos os Índios do Brasil, proibindo a escravidão a respeito deles; assim como também as Bulas, que os confirmam, para que não se diga, que as ditas leis são entre si antinómicas, ou contraditórias, nem também que a minhas opinião em quanto defende a justiça de umas, é contrária à justiça das outras; eu passo a dar uma breve notícia das diversas circunstâncias, em que se acham os Índios do Brasil, e os Pretos da África no tempo das descobertas dos Portugueses em uma, e outra parte do Mundo; circunstâncias, que deram ocasião às diversas disposições das ditas nossas Leis, e Bulas.

§. VIII. Os Portugueses, que primeiro descobriram a Costa da Guiné, já acharam muitas Nações com algum género de Governo, obediência, e subordinação, comércio, e agricultura; entre as quais já também se achava introduzida a escravidão, ou dos vencidos na guerra, ou dos réus de certos crimes capitais; de tal sorte, que querendo eles comprar aos Portugueses alguns géneros, de que eles necessitavam, ofereceram em troca, e permutação alguns dos seus escravos, que vindo para Portugal foram comprados por aqueles, que de seus serviços precisavam; e ao Senhor infante D. Henrique, como encarregado, e Governador daquelas descobertas, e bons serviços, que ele tinha feito a Portugal, lhe deu o Senhor Rei D. Afonso V a dizima dos interesses do comércio dos escravos, como se vê na sua Carta de 15 de Setembro de 1448 confirmada pelo Senhor Rei D. Manuel por carta de 22 de Fevereiro de 1502. Este comércio foi aprovado por Bula do Papa Nicolau V de 6 de Janeiro de 1454, de Calisto III de 3 de Março de 1455, de Xisto IV de 21 de Junho de 1481, e de Leão X de 3 de Novembro de 1514 por se achar ser este comércio o meio de se introduzir a nossa Santa Religião entre aquelas nações bárbaras, ou ao menos salvar muitas almas, que aliás seriam perdidas no centro do Gentilismo (2)

§. IX. Os Portugueses, que primeiro descobriram as terras do Brasil, não acharam Nações propriamente, acharam sim alguns bandos de homens selvagens, sem algum género de governo, nem de subordinação; eram algumas famílias errantes, e dispersas, que viviam em pobres choupanas, muito ainda no primeiro estado da natureza, talvez desgarradas dos primeiros Habitantes do México, ou do Peru: em toda a grande extensão do Brasil até hoje não se tem descoberto algum vestígio de grande população, nem um só edifício, ou Obra de Arte, que denotasse algum princípio de Civilização. Os montes, as serras, os campos, os bosques totalmente incultos, pareciam estar ainda com a mesma face, com que tinham saído das mãos da Natureza, e que ainda não eram habitados por Entes Racionais. Aqueles bandos de Selvagens errantes apenas usavam da caça, e da pesca, e de alguns frutos silvestres: eles se faziam a guerra como as feras para ou afugentarem os seus inimigos, ou os devorarem: eles ainda não conheciam as Escravidão, nem a subordinação, este primeiro passo para a Civilização das Nações (3).

§. X. Quiseram os Portugueses entrar naquelas terras, os Índios se opuseram; principalmente as guerras, houveram prisioneiros, permitiu-se que os ávidos em justa guerra fossem escravos para cultivarem as terras, que se iam descobrindo, ainda incultas em toda a sua grande extensão: os abusos apareceram a par da justiça; e a experiência foi mostrando, que o Índio, o homem selvagem, ainda no primeiro estado da Natureza, sem agricultura, nem alguma sobordinação, ou era indomável, e um inimigo jurado, sempre disposto a atacar o seu vencedor; ou fugia de uma escravidão, de que ele não tinha alguma ideia; ou finalmente sucumbia debaixo de um trabalho, a que ele não estava acostumado.

(a continuação, AQUI)


22/11/12

CONTRA A MITIFICADA "ESCRAVATURA" DA SEITA DOS FILÓSOFOS (I)

D. José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho (1742 - 1821)
Nascido em Campos (Brasil)

CONCORDÂNCIA DAS LEIS DE PORTUGAL E DAS BULAS PONTIFÍCIAS,
Das quais umas permitem a escravidão dos Pretos de África, e outras proíbem a escravidão dos Índios do Brasil.

§. I. Se conforme os princípios dos Secretários da Seita Filosófica é permitido a qualquer por autoridade própria levantar a voz no meio de uma Nação para defender os Direitos, que se dizem da Liberdade, e da Humanidade oprimida, não me devem eles criminar de que eu autorizado pela Religião, e pelo Estado para fazer tranquilizar as consciências dos meus Diocesanos, e trabalhar para o bem de todos os meus Concidadãos, levante também a voz contra uma Seita de Hipocrisias, que debaixo do pretexto de defender os direitos quimérico da Liberdade, e da Humanidade, se têm mostrado inimigos dos Tronos, e da Religião, armando os seus mesmos Concidadãos uns contra os outros, rasgando o seio da mesma Pátria, que lhes deu o ser.

§. II. Eles temendo o justo castigo das Leis contra os Inovadores, e Perturbadores do sossego, e da tranquilidade pública, se fingiram amigos dos Negros da Costa de África, para assim ao longe, e por caminhos tortuosos, debaixo da máscara de gritarem contra o Comércio do resgate dos escravos da Costa de África atacarem a justiça das Leis, que o permitem, e em consequência irem destruindo toda a autoridade delas, e aniquilando o respeito, e a obediência, que lhes deve: seria pois necessário que propondo-me eu por uma Analise desmascarar uma tal Seita, houvesse de atacá-los pela frente defendendo a justiça das leis da minha Nação que permitem um tal Comércio em benefício dos meus Concidadãos.

§. III. Eu já mostrei na minha Análise, que os primitivos Direitos da Natureza, ainda que hipoteticamente admitidos por tais Filósofos, não podem com tudo ter uma rigorosa aplicação no estado da Sociedade, e depois de estabelecido o Direito da propriedade; Direito que civilizou os Povos, e que se acha admitido, e confessado por todas as nações civilizadas como absolutamente necessário, e sagrado: e por isso se tais Filósofos querem ser consequentes, ou não devem atacar a justiça do comércio do resgate dos escravos da Costa de África; ou devem também atacar a justiça do Direito da propriedade; por ser igualmente oposta aos seus primitivos direitos hipotéticos da Natureza, e por consequência transtornarem toda a ordem Social, e reduzir os homens ao seu primitivo estado da Natureza bárbaros, e selvagens; o que repugna à profissão do Filósofo, que devendo fazer os outros sábios, os faz brutos.

§. IV. Sendo pois divisão do Meu, e Teu, ou o estabelecimento do Direito da propriedade, o primeiro abuso da força, e a primeira transgressão do Direito natural, ou da natureza, que fez tudo para todos; e sendo a escravidão uma consequência do primeiro abuso da força, e uma secundária transgressão do Direito Natural, ou da Natureza, que fez a todos os homens livres; qual é a razão porque aquela primeira transgressão do Direito Natural se diz sagrada, justa, e conforme a boa política, à humanidade, e ao bem de toda, e qualquer sociedade; e a segunda transgressão, consequência da primeira, se há de dizer contrária ao Direito natural, injusta, impolítica, e desumana? É por ventura de um Filósofo, de um homem sensato, e consequente, conceder as premissas, e negar a consequência? Diga-se muito embora, que o comércio de resgate dos escravos da Costa de África não comovem aos interesses desta, ou daquela Nação; mas não se diga, que um tal comércio é contrário ao Direito Natural, à boa política, e à humanidade.

§. V. Esta proposição a respeito do estado da Sociedade, além de ser falsa, e inconsequente, como fica mostrado, é impolítica; por isso que atacando o direito de um comercio estabelecido há mais de 300 anos entre muitas Nações civilizadas da Europa, sem exceptuar as mesmas, que hoje clamam contra ele, não só ofende a tais Nações; mas também dá a conhecer que ou houveram Legisladores tão bárbaros, e tão ignorantes, que até hoje, a mais de 300 anos, não conheceram o Direito natural, nem o como ele deveria ser aplicado ao Estado da Sociedade; ou que os Legisladores da Seita Filosófica descobriram um novo Direito natural até agora desconhecido a todos os antigos Legisladores reputados como sábios. E de que parte estará a verdade? Ou quais dos Filósofos são os que têm conhecimento o verdadeiro Direito Natural, ou a verdadeira aplicação dele no estado da Sociedade? Os Antigos Legisladores, ou os da nova Seita Filosófica? Eis aqui a mais grande importância, por não dizer a maior das loucuras; fazer duvidosa, e vacilante a boa fé, do Santuário das Leis, esta base fundamental da obediência das Nações, é reduzi-las à anarquia, é lançar a todas por terra. (1)

(a continuação, AQUI)

DISSONÃNCIA HOMOSEXUALISTA

PANDEMIA GAY

20/11/12

O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR CXXIII


PROBLEMAS FUNDAMENTAIS RELATIVOS AO CONCÍLIO VATICANO II (I)

É muito grande o problema que envolve a temática "Concílio Vaticano II". Digo "temática", porque confirmo que é ambíguo dizer "o problema que envolve o Concílio Vaticano II": uns poderiam considerar o concílio em si, outros poderiam considerar o conjunto de textos finais do Concílio e que se apresentam publicados num mesmo livro chamado "Concílio Vaticano II". O Papa, Bento XVI, justamente faz esta distinção entre "Concílio" e "letra do Concílio".

O que entender por afirmações tais como "o Concílio Vaticano II contem erros doutrinais"? Ora, a bem ver, este enunciado, se não lhe quisermos dar o devido desconto, é talvez impossível, pois ditos erros apenas se expressam na "letra do Concílio" e não talvez no acontecimento do Concílio Vaticano II (tais erros têm sido apontados no texto) - por isso a frase em questão é uma forma breve de dizer "nos textos do Concílio Vaticano II há erros doutrinais". Assim há a necessidade de um uso mais preciso de palavras para segurar estas distinções, pois de outra forma não há como ultrapassar certa superficialidade na abordagem do tema e evitar eternas confusões.

Mas estas distinções, por outro lado, levantam problemas: Como pode a letra ser problema ou a origem dele se não é um ser vivo, não é livre, nem é fruto do ocaso? Evidentemente que o problema tem que ser buscado no humano: o redactor. Mas não é um mero acidente humano, ou seja, não é um acidente grotesco como um borrão de tinta, ou uma palavra mal mal colocada por engano. Quando se disse que o problema é a "letra" é no sentido de "texto": problema discursivo, não pela forma do dizer mas pelo modo de interpretar o Concílio por parte do redactor final. Agora, ajustando palavras: haveria então o "Concílio" (acontecimento), a "letra do concílio", e o "Concílio do redactor" (interpretação do redactor) não coincidente com o "Concílio" - supostamente imaculado nos seus pronunciamentos - e expressado no que temos chamado de "letra do concílio". Quando se quisesse dizer que o Concílio Vaticano II entra em conflito com o Doutrina da Igreja, alguém tentaria fazer uma correcção dizendo que: na verdade é o "Concílio do redactor" que não coincide com a Doutrina, e que assim a "letra do Concílio" expressa o  que o redactor interpretou. Mas... se o redactor foi falível, e assim falível o seu produto final (a redacção), e se o Concílio for realmente imaculado nos seus pronunciamentos, haveria que dispensar, hoje, a chamada "letra do concílio".

Mas o mesmo problema estaria também na letra de todos os Concílios? Este problema dá-se apenas a respeito do Concílio Vaticano II! E se assim não fosse nada de fiável poderia ser retirado da letra dos Concílios. Temo que a culpabilização da "letra" possa aventurar alguns em dizer que também as Escrituras Sagradas são imaculadas (verdadeiramente inspiradas) mas que, à imagem do Concílio Vaticano II, é o texto final aquele que contem problemas: haveria assim um espírito das Escrituras pelo qual se haveria de corrigir a letra, ou, interpretar a letra. Ao fim e ao cabo, esta mesma "teoria" não consegue deixar de ser a condenada hermenêutica do "espírito do Concílio" colocada agora na forma como o redactor terá entendido o Concílio: o "Concílio do redactor" seria o espírito interpretativo da "letra do Concílio".

O problema não é "a letra do concílio" mas apresenta-se "pela letra do concílio", e haveria que saber se o problema "é originado com o redactor" ou se antecede o redactor e chega ao texto "pelo redactor". E assim sucessivamente até dar com a origem, ou as origens do problema, caso o problema exista. Sim, é que o problema na letra do Concílio, segundo parece, não está claro: se o Concílio foi realmente imaculado, teremos um tipo de problema muito grande, mas pode acontecer que o Concílio Vaticano II seja muito especial e único e que isso lhe confira características mais modestas e condicionadas.

A constatação de que a redacção final do Concílio Vaticano II não coincide totalmente com a Doutrina da Santa Igreja, foi feita por Bento XVI, que procedeu à correções a respeito do "subsiste em". Não é esta a única grande exepção histórica a respeito da menor autoridade dos textos finais do Concílio Vaticano II: é o único que quis expressar-se UNICAMENTE a um nível mais modesto (pastoralmente). Estas duas características não podem então ser dispensadas ao olhar o Concílio Vaticano II hoje. O Concílio tinha todo o poder, podia ter até definido muitos dogmas, mas não o fez: da mesma forma que um Papa pode pronunciar-se infalivelmente e não o fazer em todo o seu pontificado (valha-nos o exemplo).

Acontece que muitos querem tomar o Concílio Vaticano II como imaculado, infalível no seu produto final, e alguns até fazer dele um Super-dogam que anularia a Doutrina da Igreja (doutrina esta que não pode ser diminuída e que antecede o Concílio Vaticano II). A par desse erro, e sendo coerentes com ele, deitaram mão ao "Concílio do redactor" como lei pela qual haveriam de moldar toda a milenar Doutrina Católica, e filosofia tomista. E se assim foi realmente, então teremos de concluir que o grande erro relativo ao Concílio Vaticano II foi afinal tomá-lo por uma coisa que ele não é nem pode ser, e para tal contribuiu o factor de NOVIDADE deste concílio "anómalo" tomado por normal (à imagem de todos os anteriores). Este será então o ERRO mais importante a corrigir (e não o segundo ou o último) condiciona todos os outros associados.

19/11/12

O ESTADO CATÓLICO - MAGISTÉRIO CONTINUADO (I)



Abre um novo ciclo dedicado a mostrar como a Santa Igreja, por meio do magistério Papal, ensina a respeito do Estado. Assim, serão transcritas partes de vários documentos importantíssimos:

Encíclica Quanta Cura
Syllabus
Encíclica Imortale Dei

Encíclica Vehementer Nos
Encíclica Quas Primas



PIO IX

na
Encíclica
QUANTA CURA
[...]

Sabeis muito bem, Veneráveis Irmãos, que em nosso tempo há não poucos que, aplicando à sociedade civil o ímpio e absurdo princípio chamado de naturalismo, atrevem-se a ensinar "que a perfeição dos governos e o progresso civil exigem imperiosamente que a sociedade humana se constitua e se governe sem preocupar-se em nada com a religião, como se esta não existisse, ou, pelo menos, sem fazer distinção nenhuma entre a verdadeira religião e as falsas". E, contra a doutrina da Sagrada Escritura, da Igreja e dos Santos Padres, não duvidam em afirmar que "a melhor forma de governo é aquela em que não se reconheça ao poder civil a obrigação de castigar, mediante determinadas penas, os violadores da religião católica, senão quando a paz pública o exija". [...]


E, quando na sociedade civil é desterrada a religião e ainda repudiada a doutrina e autoridade da mesma revelação, também se obscurece e até se perde a verdadeira idéia da justiça e do direito, em qual lugar triunfam a força e a violência, claramente se vê por que certos homens, depreciando em absoluto e desejando a um lado os princípios mais firmes da sã razão, se atrevem a proclamar que "a vontade do povo manifestada pela chamada opinião pública ou de outro modo, constitui uma suprema lei, livre de todo direito divino ou humano; e que na ordem política os fatos consumados, pelo mesmo que são consumados, têm já valor de direito". Mas, quem não vê e não sente claramente que uma sociedade, subtraída as leis da religião e da verdadeira justiça, não pode ter outro ideal que acumular riquezas, nem seguir mais lei, em todos seus atos, que um insaciável desejo de satisfazer a concupiscência indomável do espírito servindo tão somente a seus próprios prazeres e interesses? [...] (documento completo, aqui)

no
SYLLABUS

Proposição condenada, nº 55: A Igreja deve estar separada do Estado, e o Estado deve estar separado da Igreja.

Proposição condenada, nº77: Na época actual não é mais necessário que a religião católica seja considerada como a única religião do Estado, com exclusão de todos os restantes cultos.

PORTUGAL MILITAR (V)

(continuação da IV parte)

Oficial do Real Corpo de Engenheiros - 1762

1º Regimento de infantaria do Minho (séc. XVIII)

2º Regimento de Infantaria do Minho (séc. XVIII)

Artilheiro do Exército Volante de Trás-os-Montes (séc. XVIII)

1º Regimento de Valença do Minho (séc. XVIII)
(continuação, VI parte)

A VERDADE E O EVOLUCIONISMO (XIII)

(continuação da XII parte)
"A ciência deve, portanto, começar com a crítica aos mitos" (Karl Popper)

A SELECÇÃO NATURAL

Direi de outra forma: os indivíduos mais "aptos" têm maior descendência. E porque têm maior descendência? Porque são mais "aptos"... A tautologia é óbvia. Tão óbvia que até alunos darwinistas (Waddington, por exemplo) deu conta. Assim é!

A razão da Selecção natural darwinista não se poder definir com mínimo rigor sequer (nem definir, nem observar, nem determinar a intensidade da sua acção, nem produzir os seus efeitos) deve-se a que ela, na verdade, não existe. Trata-se apenas de uma metáfora para dizer que alguns indivíduos  vivem mais que outros (...grande novidade...) e, em princípio, tem maior descendência.

Como? A Selecção Natural é uma metáfora? Quem se pode atrever a proferir enorme blasfémia? Ora essa... é o próprio Darwin quem o disse no "A Origem das Espécies", no quarto capítulo! E ali reforça dizendo: "no sentido literal da palavra, a Selecção Natural é um falso conceito".

Como se constata, Darwin não era tão "darwinista" como os seus seguidores. O que passa é que os darwinistas crêem em Darwin, mas não lêem o que escreveu. E isto não é uma exepção, caro leitor. Isto é uma constante do ser humano. Quantos marxistas leram Marx? Quantos liberais leram Rousseau? Quantos cristãos leram a Bíblia [ou a ouvem ler]?

Os cientistas anti-darwinistas os leitores atentos de Darwin.Os darwinistas somente crêem no que respeita a Darwin.

Mesmo assim, tomando a expressão "Selecção Natural" em sentido metafórico, como uma "casa" (que na verdade não existe) que explicaria "a sobrevivência dos mais aptos", repare, caro leitor, que o resultado é exactamente oposto ao que os evolucionistas supõem. Porque a ser assim, a Selecção Natural favoreceria, por exemplo, a sobrevivência dos "melhores" macacos; ou seja, faria que os macacos fossem cada dia mais macacos, mas não menos macacos e mais homens! Um disparate.

O que creio suceder relativamente a este ponto, é que em muitos investigadores subjaz, talvez em forma inconsciente, a íntima convicção - produto de crenças antigas - de que o homem é um ser superior ao macaco; ou seja, mais "evoluído", mais "perfeito". Mas do ponto de vista meramente biológico, isto não é certo. Para nada!

(continuação, XIV parte)

TEXTOS ANTERIORES